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Enviada em: 04/08/2018

Segundo o sociólogo Max Weber, a família é uma instituição de essencial importância político-social ao indivíduo, tal qual a escola e o trabalho. É por meio da mesma que são formados os primeiros elos afetivos, culturais e morais, advindos da convivência. Também são sob as relações familiares que surgem as primeiras formas de preconceito, violência e corrupção. Essas ideias são retomadas por Sérgio Buarque de Holanda, em sua obra "Raízes do Brasil", na qual o autor constrói tal instituição como a precursora da sociedade brasileira e a égide do conservadorismo, que é vomitado, atualmente, por discursos de ódio e intolerância, aniquiladores  das possibilidades de formação da estrutura familiar.        Consoante a isso, Holanda disserta acerta da Teoria do Homem Cordial, criada por ele no intuito de explicar a peculiaridade histórico-cultural brasileira em pessoalizar às relações sociais, pela necessidade de criação espontânea de laços afetivos, visando o autobenefício. Tal estudo permite o entendimento da corrupção latente na política do país, bem como dos pequenos atos de imoralidade, eufemizados em "jeitinhos" praticados por determinados indivíduos, na crença de que as relações, a exemplo das trabalhistas, são baseadas em "grandes famílias", apesar de tal ideia ser forjada pelo corporativismo empresarial. Compreende-se que a cordialidade é útil para a criação de laços afetivos, mas também propõe-se a burlar convenções, "furar-filas" e vociferar ou destruir àquilo que se mostra contrário aos princípios do indivíduo.       Doravate, torna-se frequente a inferência de modelos "corretos" para a formação familiar - defendidos firmemente por alguns legisladores - e a exclusão daqueles que não se adequam à padrões pré-estabelecidos pelos arcaísmo do conservadorismo. Em síntese, obras como a de Sergio Buarque de Holanda, permitem o entendimento da importância da instituição familiar enquanto modeladora e injetora do indivíduo na sociedade. As mesmas também proporcionam a criação de panoramas antropológicos, como ponto de partida para as modificações necessárias às sistematizações e inflexibilidade que os padrões culturais podem embutir nas relações sociais.        Logo, é essencial o estudo dessas obras sociológicas e históricas nas escolas e faculdades, para que os indivíduos possam reiterar-se dos modelos familiares fixistas e aperceberem-se que esses não são naturais, devendo ser modificados, seja pelo conhecimento, seja por meio de debates e, principalmente, de coragem. Atualmente, necessita-se da coragem da retórica altruísta, tal qual fazia Platão, que visava à construção de ideias em detrimento da imposição de superioridade perante outrem. Eis a primeira estratégia de construção familiar, portanto, avante.