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Enviada em: 30/10/2018

Mais que um encontro de jovens periféricos nos grandes centros de consumo - shoppings, representantes do lazer capitalista -, os "rolezinhos" significam um fenômeno social de protesto e questionamento indireto à permanência de velhas estruturas. Nesse sentido, convém analisar as raízes históricas desse processo, bem como a visão que esse gera na sociedade contemporânea.          Primeiramente, é importante destacar que a formação da maioria das cidades do Brasil se deu pela segregação socioespacial, favelização e gentrificação. Tais termos remetem à exclusão dos mais pobres dos grandes núcleos de comércio, saúde, cultura e, especialmente, de entretenimento. Essa privação ao direito básico de lazer, garantido a todos pelo artigo 6 da Constituição, tem profunda relação com o "rolezinho", que reflete uma reivindicação desses jovens por espaços que, historicamente e de maneira infeliz, lhes foram privados. Tal mobilização jovem para questionar, ainda que despropositadamente, a insistência de "o futuro repetir o passado", como cantava Cazuza, é fundamental para o país.          Por conseguinte, vê-se que o fenômeno citado tomou proporções sociais não previstas e, em certos casos, indesejáveis. A exemplo disso, tem se a repressão de seguranças e policiais, que barram jovens participantes na portas dos shoppings. Tal ação atrai o olhar criminalizador  e preconceituoso de alguns setores sociais, o que não é aceitável, pois não condiz com a proposta inicial dos encontros.          Portanto, é fundamental a mediação do Estado na problemática. Pode esse, através do MEC, promover encontros periódicos nas regiões periféricas, reunindo agentes da educação e juventude local, a fim de estabelecer uma interlocução entre poder público e comunidade; a ação ocorrerá por meio de debates, estudos e levantamentos das demandas comunitárias, como a criação de centros culturais e estratégias para amenizar a exclusão socioespacial. Além disso, esse ministério também deve promover campanhas publicitárias na Internet, TV e rádios, contra o preconceito, além de oferecer espaço para artistas que representem o movimento nos programas midiáticos, visando, assim, esclarecer a população e reafirmar os valores democráticos do país.