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Enviada em: 03/03/2019

No final do ano de 2013 e início de 2014, um fenômeno social obteve notoriedade na mídia, causando inúmeras discussões acerca de sua legitimidade: os "rolezinhos". Inicialmente, os "rolês" eram encontros marcados por fãs de pessoas famosas nas redes sociais que, influenciados pelas músicas do gênero funk ostentação, tornaram-se eventos organizados principalmente em shoppings centers que reuniam centenas de jovens com o objetivo de se divertir. Nesse contexto, cabe analisar o que esse fenômeno representa, bem como entender suas consequências e buscas soluções para mitigá-las.  O filósofo brasileiro Clóvis de Barros Filho afirmou, em entrevista à rádio CBN, que os "rolezinhos" simbolizam uma forma de manifestação social subversiva, uma vez que os centros comerciais como shoppings eram excludentes e elitistas.Nessa lógica, quando jovens da periferia das cidades se reúnem nesses lugares que antes eram socialmente negados a eles por não possuírem poder aquisitivo elevado, rompe-se o sistema de segregação entre pobre e ricos e democratiza-se o espaço de consumo. Ademais, esse fenômeno social materializa a ideia presente nas letras do funk ostentação que pregam o luxo e o consumismo antes reservados à juventude branca das classes média e alta. Vale ressaltar ainda que outro fator que impulsionou o surgimento dos "rolezinhos" foi a falta de atividades de lazer nas comunidades que esses jovens viviam, levando-os a marcar esses encontros nos shoppings das cidades.  Entretanto, essa situação desagradou uma parcela da população. Com um medo pautado no preconceito social e racial, comerciantes e donos de shoppings temiam que os participantes dos "rolezinhos" realizassem assaltos e provocassem desordem dentro dos estabelecimentos. É inegável que houve registro de episódios de agressão e tumulto, como o que o correu em maio de 2014 no Shopping Vila Velha no Estado do Espírito Santo, levando muitos comércios a proibirem, através de liminares judiciais, a realização desses eventos dentro de seus recintos. Houve também uma tentativa das Prefeituras de organizarem os "rolês" em outras localidades das cidades como parques e dentro das próprias comunidades, porém essa atitude não solucionou a real raiz do problema.  Destarte, urge a necessidade de tomar medidas para promover a cultura e proporcionar atividades de lazer nas periferias das cidades. Cabe ao Estado, representado pelo Ministério da Cidadania, a tarefa de realocar investimentos para a promoção de políticas públicas que visem oferecer opções de lazer nas comunidades, bem como atividades culturais, como esportes, danças e outras manifestações artísticas, visando suprir a carência vivida por essa população e promover a devida inclusão social desse segmento da sociedade.