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Enviada em: 09/10/2017

“Money, que é good nós num have”, expressão presente na letra da canção dos Mamonas Assacinas e na realidade de vários jovens de periferia. Pra compensar esse déficit, vários são os “rolezinhos” em shoppings, contudo eles estão causando pavor aos estabelecimentos ali presentes. Mas, com uma análise cuidadosa, vê-se que o fenômeno representa algo completamente natural, e é inclusive um ato de coragem frente ao resistente preconceito.         Allan Pitz, escritor, diz que a mídia é capaz de fazer Deus e o diabo se reconciliarem em um programa de domingo. Isto é, tem o poder de expor idéias mesmo inconciliáveis e prender seus telespectadores. Desse modo, o marketing utiliza desse canal para promover seus produtos e até fixar padrões de vida ideal. Logo, os rolezinhos, assim como o funk ostentação que lhe deu origem, são perfeitamente condizentes com esses padrões impostos e com o que é valorizado no atual sistema econômico, uma vez que apenas os reforça.        Todavia, há quem pense ser atitude de transgressão esse movimento de dar um rolê. De fato, é comum que haja aproveitadores que incitem a desordem, entretanto, isso não é regra. O clímax que causa espanto às pessoas é outro, e tem herança histórica. O preconceito fez com que homens brancos e negros tivessem lugares públicos divididos na geografia urbana, foi o Apartheid, o qual Nelson Mandela lutou. Da mesma forma, os jovens pobres e negros parecem lutar quando ocupam esses lugares, caracterizados ainda hoje e, de forma velada, como ambiente dos mais favorecidos economicamente e de preferência branca.      Nessa perspectiva, entende-se que há três setores capazes de promover as mudanças almejadas: Conar (conselho nacional de auto-regulamentação publicitária), ONGs e escolas. Cabe à Conar uma melhor análise em relação à mensagem por trás de um anúncio publicitário, identificando e coibindo abusos. Uma análise crítica pode ser incentivada por ONGs em parceria com as escolas de ensino fundamental e médio. Expondo através de filmes e livros como “Olhai os lírios do campo” de Érico Veríssimo que dinheiro e luxo não são garantias de felicidade. Podem também, trabalhar junto aos professores de história, a questão do preconceito, como ele vêm ultrapassando gerações e como podemos diminuí-lo quando aceitamos as diferenças. Nesse hiato, não haverá mais necessidade de alarde aos rolezinhos, se antes representavam algo natural e causador de espanto, futuramente representará apenas algo comum.