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Enviada em: 31/01/2019

Na Grécia Antiga, o ensino era crucial para um cidadão exercer seus direitos políticos, dentro das cidades-estados, com grande valorização dos mestres. Mesmo Alexandre, que conquistou a Grécia no Reino da Macedônia, escolheu o filósofo grego Aristóteles como professor. A educação é uma forma de libertação social, como descrito no Mito da Caverna de Platão, em que o conhecimento é sair do obscurantismo, e também obras do pedagogo Paulo Freire, que pregava uma educação crítica, ressonante num país de grandes paradoxos e desigualdades. O Brasil hodierno enfrenta grandes dificuldades de atrair pessoas a docência, especialmente pela desvalorização dos professores, seja em seu papel social, seja em salários e planos de carreira dignos.       Primeiramente, o professor e a educação sempre tiverem papéis secundários no país. O Reino Lusitano proibiu a criação de universidades no Brasil durante o período colonial. Tal desprezo com a educação foi persistente mesmo após a independência e, somente com a Lei de Diretrizes Básicas da Educação, em 1996, o ensino básico foi universalizado e modelado como prioridade na formação de cidadãos. Entretanto, relegar o papel da educação exclusivamente à escola, a educação primária em casa tem sido enfraquecida e o reflexo disto é percebido em inúmeros casos de desrespeito, agressões verbais e físicas aos professores, diminuindo ainda mais o interesse na formação destes.       Por consequência de um papel desvalorizado, governos investem insuficientemente em remuneração e motivação para lecionadores. Cursos de licenciatura em universidades tem poucos inscritos e altas taxas de abandono dos ingressantes, conforme já observado pelo MEC, que ensaia de forma tímida incentivos a interessados, como bolsas de auxílio e vagas de bolsa integral em instituições privadas. A categoria frequentemente entra em greves, em busca de melhores condições de trabalho e salários, fato que comprova o baixo interesse de governos em diálogos e investimentos na educação.       Diante do exposto, o desafio de valorização do professor tem de ser enfrentado para que o país possa melhorar a educação. Tal processo inicia, fundamentalmente, na atração aos cursos de licenciatura. Governos e universidades devem prover um subsídio maior em forma de bolsas para tais graduações, oferecer apoio psicológico e social, além de oferecer monitoria para enfrentar dificuldades, sentidas especialmente em cursos de exatas. Nestas ações, reafirmaria-se o desejo de transformar essa profissão em status de chave-mestra da mudança da sociedade, tal como já ensaiavam as escolas gregas, de forma que a sociedade enxergue como agentes de promoção do conhecimento crítico, como preconizava Paulo Freire, fundamental para cidadãos conscientes e aptos para contribuir na sociedade, que certamente trará um círculo vicioso positivo na importância do professor.