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Enviada em: 15/09/2017

Segundo Paulo Freire, educar não é transmitir conhecimento, mas criar condições para sua própria construção. Ademais, é inegável que o professor possui uma função imprescindível nesse processo. Contudo, superar o desafio de valorizar essa importante figura exige a melhoria das suas condições de trabalho, bem como o resgate do seu papel no estabelecimento da consciência ética e da formação cidadã dos alunos.   Primordialmente, o caso da professora agredida em uma escola de Santa Catarina em 2017 é conveniente para ilustrar e compreender algumas problemáticas da prática docente. Outrora uma profissão com elevado prestígio social, ser professor atualmente significa atuar em um ambiente hostil, possuir um salário incompatível com o valor social de sua profissão e conviver com uma infraestrutura de trabalho precária, além de pouco tempo e recursos para realizar uma formação continuada, como pós-graduações, mestrado ou doutorado que, por sua vez, lhe permitiriam uma melhor colocação no mercado de trabalho. Destarte, como almejar uma efetiva transformação na educação do país, se uma das suas figuras centrais, o educador, é lesado em sua segurança e condições de atuação?   Outrossim, com a ascensão da internet, estabeleceu-se uma nova forma de ensinar, cuja consequência é a secundarização da função do educador. Por muito tempo, a educação tradicional priorizou a transmissão de conhecimento, mas não sua aplicação social. Assim, muitos alunos, diante de recursos tecnológicos mais dinâmicos (Wikipédia, videoaulas e tutoriais, por exemplo), não mais reconhecem o professor como mediador no processo pedagógico, uma vez que possuem mais autonomia para buscarem as informações. Assim, tal fato contribui ainda mais para o enfraquecimento dessa figura na sociedade como agente de incentivo ao pensamento crítico.    Logo, o corolário dessa problemática é o risco de uma precarização permanente e um potencial colapso dessa profissão. Estudos indicam que a procura pelos cursos de licenciatura é cada vez menor, devido ao seu baixo prestígio na sociedade, salários irrisórios e os impactos negativos à saúde que o professor está sujeito: desmotivação, depressão e danos à integridade física.    Diante do exposto, é imperioso que o Governo Federal atue para atenuar esse quadro. É importante que este realize melhorias na infraestrutura das unidades de ensino, equipando as bibliotecas, laboratórios e salas de aula com recursos de qualidade, além de reforçar a segurança no ambiente escolar. O Ministério do Trabalho, por sua vez, deve atuar no sentido de fiscalizar o cumprimento do piso salarial do docente. Por fim, é interessante que o Ministério da Saúde inclua psicólogos em todas as unidades de ensino, a fim de fornecer apoio emocional ao educador.