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Enviada em: 17/05/2019

Na obra cinematográfica ''Meninas Malvadas'', clássico da comédia adolescente, a protagonista, Cady Heron, é uma jovem estudante que ingressa pela primeira vez no ambiente colegial. Educada por meio do ensino domiciliar até então, Cady enfrenta, pela primeira vez, os dilemas pessoais da vida estudantil. Ao traçar um paralelo com a realidade, a questão do ensino domiciliar no Brasil instiga a sociedade a refletir sobre os aspectos da matéria. Nesse contexto, convém analisar como o ensino doméstico pode oferecer diretrizes curriculares deficientes, além de enfraquecer e desvalorizar a instituição escolar.   Em primeiro plano, no ensino domiciliar, evidencia-se o poder dos pais e responsáveis de determinarem os conteúdos a serem lecionados para o aluno. Isso acontece porque lamentavelmente, nessa dinâmica educacional existe, muitas vezes, a concepção errônea de que os tópicos ministrados nas escolas exprimem a opinião pessoal dos educadores, o que levaria o aluno a sofrer uma espécie de ''doutrinação''. Em decorrência dessa ideia, se comparado à matriz de disciplinas das escolas convencionais, o currículo didático domiciliar corre o risco de ser insuficiente e pobre, pois pode ser idealizado por pessoas sem conhecimento em pedagogia e nas ciências que serão ensinadas.    Além disso, o enfraquecimento da instituição escolar também é um dos riscos da questão do ensino domiciliar no Brasil. Isso decorre do fato de que com a legalização do ensino doméstico no país, a função transformadora da escola, professores e pedagogos torna-se ameaçada, o que faz com que a importância desses profissionais da educação diminua. Hoje é comum, por exemplo, a relativização da escola por parte dos defensores do ensino domiciliar, que tentam fazer com que a sociedade veja o universo escolar como um círculo alienante para crianças e adolescentes. Sob esse aspecto, Paulo Freire, patrono da educação brasileira, diz: ''Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém''. Com isso,  percebe-se que há grupos politicamente interessados em demonizar o ensino convencional.      Torna-se evidente, portanto, que o Estado e a escola devem trabalhar em conjunto para ressaltar a relevância da vida escolar na formação do indivíduo. Em razão disso, o Ministério da Educação deve, a fim de mostrar à sociedade como um acompanhamento profissional na escola é decisivo para as pessoas, veicular, por meio da mídia televisiva, campanhas sociais que tratem da valorização do professor e da escola. Tais comerciais devem ressaltar, principalmente, a função da escola como lugar socializador e do professor como ser capaz de transmitir o conteúdo de forma eficaz. Somado a isso, escolas públicas e privadas devem oferecer palestras - feitas por pedagogos - a pais e responsáveis, que devem tratar sobre a inviabilidade do ensino domiciliar no Brasil.