Materiais:
Enviada em: 22/05/2019

Piaget, o maior expoente da teoria construtivista pedagógica, defendia que o desenvolvimento das crianças é construído a partir de uma interação entre o desenvolvimento biológico e as aquisições delas com o meio. Somado a isso, os sociointeracionistas, como Vygotsky, acreditavam que o desenvolvimento humano se dá em relação às trocas entre os parceiros sociais, ou seja, o convívio diário entre as pessoas. Ainda que teorias robustas apontem para a necessidade do convívio das crianças com outras crianças e a vivência de interações sociais, no Brasil a questão do ensino domiciliar está posto, sendo defendido por poucos, que em geral não possuem capacidade técnica para emitir o melhor juízo de valor.   Vestibularmente, é certo que, assim como todas as profissões, o ato de ensinar necessita de formação técnica: licenciaturas, pedagogia e especializações na área da docência. Conforme o IBOPE (Instituto Brasileiro de Pesquisas de Opinião e Estudos de Mercado) 29% dos brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, não possuem a capacidade de compreender o que leem. Desta forma, tendo em vista que esses números apavorantes são alcançados sob a égide de professores que, em tese, possuem proficiência no ofício de ensinar, o que esperar de analfabetos ensinando crianças em desenvolvimento? Se com professores especializados ensinando chega se a esses números, o que esperar quando qualquer um puder ensinar?       Somado a isso, se sabe da indispensabilidade das interações socioafetivas para a formação de um indivíduo saudável, sobretudo na fase da mais tenra infância. Obviamente, é com os outros que se aprende a refletir sobre as práticas que se deve mudar e/ou melhorar para se tornar um indivíduo socialmente e mentalmente sadio. Portanto, é evidente que a falta do convício social que o ensino domiciliar ocasiona é prejudicial para a formação global do cidadão gerando uma lacuna cognitiva no aprendizado.         Ademais, o espaço amostral de famílias que se utilizam do ensino domiciliar no nosso país é irrisório, se comparado com os que adotam o ensino formal como meio de instrução de seus filhos. De acordo com a ANED (Associação Nacional de Educação Domiciliar), apenas cerca de 7.500 famílias fazem uso do ensino domiciliar, em geral guiados por "convicções" religiosas ou ideológicas. Logo, fica evidente que os critérios utilizados pelas famílias para a negação ao acesso das crianças ao ensino formal não são técnicos, mas sim de cunho religioso, ideológico e afins, em geral incutidos pela falta de esclarecimento sobre o assunto.       Destarte, para solucionar a celeuma que envolve o ensino domiciliar no Brasil, o MEC (Ministério da Educação), deve designar profissionais da área da pedagogia para, por meio de cursos e palestras, esclarecer às famílias que já praticam o ensino domiciliar, e aquelas que têm interesse na modalidade, que essa não se trata da melhor forma de instrução para as crianças, tendo em vista o comprometimento do desenvolvimento de habilidades cognitivas de extrema importância para o indivíduo no futuro e na sua relação com a sociedade. Levando-se em consideração esses aspectos, a manutenção do ensino que seja rico em interação social,guiado por pessoas com capacidade técnica para tal,  ainda é o melhor para as todas as crianças brasileiras.