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Enviada em: 02/06/2019

A emblemática citação do filósofo grego Pitágoras "Eduquem as crianças para que não seja necessário castigar os adultos", remonta a imprescindibilidade e a importância dada a educação desde os primórdios das civilizações. Entretanto, o modelo tradicional de ensino encontra-se, hoje, ameaçado pelo advento do chamado "homeschooling", no qual são os pais os responsáveis pelo processo educacional dos filhos, seduzidos pela possibilidade de os filtrar conteúdos que serão expostos às crianças, de forma a melhor atender às suas crenças e ideologias. Assim sendo, o ambiente escolar, propulsor da diversidade e fomentador das relações afetivas entre crianças e jovens, acaba comprometido, abrindo espaço para um paradigma de estudo individualista e egoísta.       A formação de um indivíduo ocorre, em primeira instância, no cerne da estrutura familiar, para então passar para a "tutela" educacional da escola, e receber uma formação universalizante, com a possibilidade futura de ingresso no mercado de trabalho. Contudo, a função da escola na vida desses alunos não se restringe às aulas, provas e ao vestibular, mas também ao desenvolvimento social desses jovens, visando um bom relacionamento em sociedade, e a constituição desses indivíduos como seres pensantes, com sua saída da menoridade. Dessa forma, explicita-se que o ensino familiar nega todo esse parâmetro social histórico da escola em detrimento de um viés individualizante, promovendo um ambiente alienante e pouco engrandecedor, culturalmente, para o aluno.       Cabe ressaltar, ainda, que existem entraves diversos a introdução do ensino domiciliar em grande escala na sociedade, como por exemplo, a impossibilidade de um tutor ser hábil e dominar todas as áreas de estudo com profundidade, devido a dimensão intangível do ensino, ponde em xeque, assim, a completude de aprendizagem dos jovens. Ademais, o ambiente familiar apresenta uma estrutura espacial deficitária quando em comparação com o ambiente escolar, já que, em geral, não dispõe de laboratórios, anfiteatros e ginásios, ambientes esses que, a partir de atividades diversificadas, complementam o desenvolvimentos dos jovens.       Em suma, pode-se concluir que se faz necessária uma coadunação entre o Estado e o Ministério da Educação tanto para vetar a emenda constitucional que viabiliza o estudo domiciliar, como para ampliar a divulgação midiática da importância que os saberes epistemológicos, promovidos pelo ambiente escolar, tem para o desenvolvimento sociocultural de uma criança. Por conseguinte, objetiva-se uma maior conscientização popular da necessidade de uma educação universalizante e multifacetada, a fim de que se oblitere eventuais preconceitos ainda existentes em sociedade e viabilize-se a entrada dos estudantes na maioridade e a conquista de sua autonomia.