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Enviada em: 30/05/2019

Paulo Freire, patrono brasileiro da educação, constatou que "a educação não transforma o mundo, educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo". Concomitantemente, o pedagogo deixou seu legado, sendo hoje um ícone para diversos países como a Alemanha, defendendo a escola como espaço acolhedor e, logicamente, transformador. Hodiernamente, entretanto, há uma tentativa de ressignificar tal conceito enquanto espaço segregador e exclusivo.       Epíteto, filósofo grego, afirma que só a educação liberta. Na sua época, não tinha estudos científicos para atestar sua tese, visto que a própria ideia do que era ciência ainda estava sendo construída. Na atualidade, todavia, isto já é comprovado pela psicologia, pedagogia, sociologia, filosofia, neurocognição, entre outras áreas de estudo. Ademais, Bourdieu, importante sociólogo francês do século XX, apontou que o habitus secundário, os grupos de socialização além da família, são importantes para despertar o questionamento científico no indivíduo, considerando que o leva problematizar os próprios estigmas familiares. Sendo assim, o acadêmico, e muitos outros também, vide Foucault, a Escola de Frankfurt, Nelson Mandela e Sigmund Freud, afirmam que a escola é um espaço importante para a construção do sujeito e da sociedade.     Infelizmente, para alguns grupos minoritários, esse processo pode ser mais difícil do que para outros. Verba gratia, os membros LGBTQ+ perante um espaço que, por conta das ideologias impostas socialmente às crianças, acaba sendo homofóbico e transfóbico. De acordo com o Instituto Nacional de Infeciologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz, oitenta porcento da comunidade transsexual  no Rio de Janeiro não terminou o ensino médio devido ao preconceito que sofria. Da mesma forma, a Organização Mundial da Saúde, já declarou que uma grande porcentagem dos adolescentes gays assumidos no ensino médio, sofriam com problemas renais pois eram obrigados a evitar o banheiro do seu gênero na escola, senão eram ameaçados e repudiados por homofóbicos. A Associação Nacional de Educação Domiciliar afirma que quase 7.500 crianças estudam em casa, a maioria visando não ser vítimas do bullying por motivos como esse e, principalmente, intolerância religiosa. Nesse sentido, a gestão presidencial tem como pauta para 2019 legalizar o ensino domiciliar.     Destarte, se faz evidente que legalizar essa pauta, além de prejudicar a socialização, só irá segregar mais a minoria social. Em vez disto, é necessário que o governo invista em programas, como palestras e talvez, até uma disciplina obrigatória do tema, sobre tolerância e preconceitos sociais. Só assim, poderemos tornar a escola o que ela realmente deve ser, um intermediário para transformar a sociedade e, também, para libertar-nos dos preconceitos que ferem somente a nós mesmos.