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Enviada em: 08/06/2019

O número de crianças educadas em casa e fora das escolas tem crescido no mundo. Em muitas famílias, a formação da educação se dá somente em domicílio, pelos próprios pais ou responsáveis, sem a presença de profissionais habilitados para isso. Embora esse modelo de formação seja compatível com o direito da família de prover a educação de seus filhos, isso pode gerar prejuízos para a constituição de diversos aspectos para a criança e o adolescente, tais como a personalidade, o comportamento em meio social e as relações interpessoais.        Em primeiro lugar, é grande o número de relatos de pessoas insatisfeitas com o sistema educacional em diversos países. De acordo com a Constituição Federal do Brasil, de 1988, a educação é direito de todos e dever do Estado e da família. Por causa disso, a implantação do ensino domiciliar no Brasil tem sido bastante discutida e defendida por famílias, que argumentam que o convívio em escolas aumenta a vulnerabilidade dos jovens às práticas de bullyng e à abordagem precoce de assuntos como sexo e homossexualidade. De acordo com um relatório do UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância - 150 milhões de adolescentes sofrem bullyng nas escolas. Por isso, muitos pais acreditam que essa situação pode gerar um ambiente de estresse para o aluno, prejudicando seu aprendizado.        No entanto, a diminuição do contato desses estudantes com outras pessoas da mesma idade que eles pode afetar a formação comportamental, a personalidade, a formação de opinião sobre diferentes assuntos e a capacidade de lidar desde cedo, com a competição (o que desencadearia um melhor preparo para o mercado de trabalho) e proporcionar o surgimento de jovens solitários e, muitas vezes, individualistas. Além disso, o fato de ter uma pessoa da família disponível, em casa, para se dedicar à educação da criança ou do adolescente, diminui o número de indivíduos da população economicamente ativa, o que, consequentemente, afeta o financiamento do sistema previdenciário.        Portanto, é notável a necessidade de mais diálogo e intervenção no que se refere ao estabelecimento da educação domiciliar no Brasil, que pode acarretar consequências negativas para a formação dos jovens. Cabe ao Estado investir no preparo e formação da equipe de profissionais que atuam nas escolas do país, tais como professores, pedagogos, monitores e diretores, a fim de prepará-los melhor para lidar com situações que gerem estresse entre os alunos, tais como o bullyng e abordar de forma propícia, assuntos que possam gerar divergências de opinião, tais como a sexualidade. Isso diminuiria a incidência de conflitos entre esses jovens e, consequentemente, o número de alunos que migram da educação na escola para a educação domiciliar.