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Enviada em: 20/08/2019

"Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que não veem, cegos que vendo não ver". O excerto romance da obra modernista "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago, critica, por meio do uso de metáforas, a alienação de uma sociedade que se torna invisual. Fora do universo literário, tal obra atemporal não foge da cegueira contemporânea, na qual o tecido social brasileiro não enxerga o impasse da educação domiciliar. Nesse aspecto, dois fatores são relevantes: a questão cultural e a inobservância governamental.      Em primeiro plano, convém frisar que socialização é uma característica inata ao ser humano. Nesse ínterim, Aristóteles, filosofo da Grécia Antiga, afirma que o homem é um animal político e, por isso, necessita conviver em sociedade na plena constitude. De maneira análoga, a escola é um espaço de vínculo entre os alunos, de trocas com diferenças e pluralidade de características, sejam de crenças, sejam de pensamentos. Assim, o aprendizado em casa limita esses aspectos, uma vez que o estudante convive apenas pessoas com seu ciclo social. Dessa forma, é inadmissível que as escolas sejam substituídas pelas aulas no ambiente domiciliar.       Em segundo plano, não obstante, vale ressaltar que o descaso estatal promove subterfúgio ao quadro vigente. Nessa ordem, o governo se beneficia da problemática, de fato que o poder público mal investe na educação, segundo G1 o Brasil está abaixo da média entre os países com os melhores ensinos do mundo. Em vista disso, com a maior evasão escolar a verba pública para educação irá ser menor, o que contribuí para uma pior qualidade na rede de educação e cada vez mais os pais educarem seus filhos em casa. Em consoante a esse tema, faz-se necessário a analogia da obra O Abapuru, da artista modernista Tarsila do Amaral, em que, para a autora, a cabeça pequena simboliza a falta de criticidade do homem. Dessa maneira, baseados em pensamentos errôneos acerca do problema, a malha social se torna parte dessa obra.                Infere-se, portanto, que a educação domiciliar representa um desafio a ser combatido. Para tanto, cabem as escolas, por serem instituições formadoras de opiniões, atrelado ao Ministério da Educação, criar uma campanha de conscientização que vá de contra ao aprendizado na rede doméstica, por intermédio de uma equipe composta de psicólogo, pedagogo e sociólogo, no fito de discutir harmonicamente com os pais sobre a importância de seus filhos terem o contato com o colégio para o desenvolvimento em sociedade. Para mais, o mesmo ministério deve melhorar o ensino na teia escolar, com uma maior repartição de verbas a serem destinadas a elas. Desse modo, a cegueira dita por Saramago será solucionada no Brasil.