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Enviada em: 06/09/2019

Conforme o artigo 205 da Constituição Federal de 1988, o Estado em conjunto com a família deve universalizar o acesso à educação de modo a promover o desenvolvimento pleno da pessoa física. No contexto das revoluções tecnológicas, entretanto, esse processo de formação ganhou a participação dos meios digitais, os quais fomentaram no corpo civil o interesse pelo ensino domiciliar, o qual predispõe maior autonomia aos jovens. Diante disso, cabe analisar o comprometimento da construção intelectual e do convívio social frente às modificações na conjuntura educacional brasileira.       Convém ressaltar, em primeiro plano, a falta de habilidade e orientação entre a população no que alude ao manuseio digital como fator responsável pela dicotomia acerca do funcionamento da educação residencial. A esse respeito, o educador Paulo Freire já proferia a necessidade de uma pedagogia mais crítica e instrucional quando inseridas as tecnologias no âmbito de ensino. Sob essa perspectiva, é colocado em xeque o fato de, no Brasil, não haver, de maneira exitosa, preparação tecnológica. Dessa forma, optar pelo estudo em casa, face ao desenvolvimento de aparelhos digitais que substituem os livros e professores por arquivos e videoaulas nem sempre confiáveis é, no mínimo, inviável àquelas pessoas não configuradas como autodidatas, uma vez que há maior facilidade de perder a concentração em decorrência dos "atrativos onlines" e, assim, esses indivíduos ficam suscetíveis à queda de rendimento atrelada a uma falha formação de conhecimento.         Por outro lado, ao passo em que cresce a preferência pela internet como meio educativo, é criado um embate no tocante à garantia do convívio social aos jovens, haja vista o poder dessa ferramenta de privar as relações interpessoais físicas. Consoante ao pensamento do sociólogo Peter Berger, em sua obra "A Construção Social da Realidade", a socialização determina a identidade do indivíduo, mas só é possível quando esse absorve perspectivas do mundo e submundo correspondentes, respectivamente, às experiências promovidas pela família e instituições. Logo, ao abrir mão do espaço escolar, esse sujeito é privado de construir vivências e realidades subjetivas no que tange aos fatos sociais, isentando-se de interpretações e preparação para as adversidades da vida.         Face ao exposto, cabe ao Ministério da Educação em parceria com professores das áreas do conhecimento garantidas pela BNCC, desenvolver um projeto que alie a aprendizagem no âmbito escolar à inserção das tecnologias,  intitulado "Tecnoensino: da sala de aula à casa", o qual deve promover a alternativa do aluno estudar algumas matérias do currículo na ambiência residencial, por meio de videoaulas e materiais criados por profissionais capacitados, com o fito de viabilizar meios para obtenção do conhecimento e, de fato, universalizar a educação como regida pela Constituição.