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Enviada em: 31/08/2018

Na década de 80, Darcy Ribeiro afirmou que se o Brasil não investisse em educação, em pouquíssimo tempo, faltariam verbas para investimento em prisões. Quando o cientista educacional verbalizava suas ideias, nelas estavam incluídas o ensino básico, superior e técnico. Esse último, inclusive, foi o caminho para o sucesso das políticas educacionais na Índia e China. O Brasil, entretanto, não seguiu as recomendações. Nos últimos anos, muito se fala em ensino técnico, mas há inúmeros desafios a serem rompidos pelo Estado brasileiro.       Indubitavelmente, a educação é um direito do cidadão. No Brasil, a Constituição Federal garante o ensino básico e dá prerrogativas ao país para investimento em ensino superior e técnico como elemento à inserção no mercado de trabalho. No século XX, após o processo de industrialização brasileira, o ensino técnico tinha maior importância na formação de mão-de-obra à era moderna. Muitas escolas ofereciam curso técnico como equivalente ao atual ensino médio. Na virada do século, seguindo a política pública de certificação universitária à população brasileira, o ensino técnico ficou em segundo plano. Na tentativa de reverter o cenário, o governo federal apresentou o Pronatec, ligado ao Ministério da Educação, para investimento tímido ao ensino técnico. Além disso, Institutos Federais foram criados em diversas regiões brasileiras. Contudo, os índices de alunos concluintes nessa modalidade não acompanharam os índices de concluintes do ensino superior.       Diante do exposto, percebe-se uma ideologia, inclusive nas camadas sociais vulneráveis, de que o sucesso profissional e pessoal é atingido com a conclusão de um curso superior. Por outro lado, o mercado de trabalho carece de profissionais técnicos capacitados. Não adianta haver muitos doutores, se faltam técnicos que administrem a medicação. Diversos meios de imprensa corroboram a crise trabalhista brasileira. Todavia, dados da Confederação Nacional do Trabalho apontam vagas ociosas por falta de capacitação técnica. Ou os candidatos não possuem instrução, ou possuem currículo extenso sem experiência.       Dessarte, há grande desafio para os próximos anos no que concerne a reestruturação e valorização do ensino técnico no Brasil. O Ministério da Educação, em parceria com o Ministério do Trabalho, deve criar políticas públicas para valorização das escolas técnicas por toda comunidade escolar. Os cursos devem ser aplicados de acordo com a demanda do mercado e necessidade da sociedade. Os alunos dessa modalidade de ensino devem ser incentivados pelo Estado para a conclusão do curso. Além disso, o ensino técnico deve ser a ponte para o mercado de trabalho com postos bem remunerados e valorizados pela sociedade. As ideias de Darcy Ribeiro são contemporâneas, sendo necessário ação.