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Enviada em: 29/07/2019

Na Grécia Clássica, o sistema de educação dos cidadãos deveria buscar desenvolver no homem aspectos intelectuais e também sua compleição física. Desta maneira, seriam praticadas as virtudes humanas tais como força, beleza, coragem e heroicidade.Tal educação recebia o nome de Paideia ou educação integral e tinha por objetivo incutir no indivíduo valores comuns de cidadania e comunidade. Nos dias atuais, particularmente no Brasil, o esporte como fator de desenvolvimento da cidadania tem sido menosprezado.   Tal consideração pode ser facilmente vislumbrada quando vemos os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep 2009) que indicam a existência de apenas 26,8%das escolas públicas de ensino fundamental com quadra de esporte. Assim, das cerca de 132 mil escolas públicas da 1º ao 9º ano, somente 35.440 dispõem de locais onde se pode praticar alguma atividade esportiva. Nas 20.297 privadas, esse percentual chega a 57,5%. No ensino médio, 73,3% das escolas públicas e 79,2% das escolas privadas têm quadras de esportes, o que não indica que sejam de boa qualidade.   Também é evidente a ausência de equipamentos públicos relacionados ao esporte nas favelas e comunidades mais pobres do país o que, por certo, se traduz em violência e ausência de participação política. Neste sentido, o Brasil vai na contramão do que é pregado pela ONU no “Relatório sobre o Esporte para o Desenvolvimento e a Paz de 2003”, quando afirma que o esporte por sua própria natureza envolve participação. Envolve também a inclusão e a cidadania, na medida em que une indivíduos e comunidades, destacando os aspectos comuns e servindo de ponte entre diferenças étnicas e culturais.   Por último, evidencia-se o menosprezo do esporte como veículo da cidadania por não ser amplamente discutido e contemplado nas campanhas a presidência da república. Neste caso, na última eleição, conforme noticiado amplamente, apenas 7 dos 13 presidenciáveis tratavam de projetos para o esporte. Entretanto, dos que tem planos para o esporte, a maioria é vaga e não se traduz em metas e recursos.   Enfim, é preciso a atuação do Congresso Nacional para discutir e aprovar a Lei Geral do Esporte, atual projeto de lei 68 de 2017 que tramita no Senado Federal, que trará uma organização maior às dimensões do tema no Brasil. Ao lado desta iniciativa, o Executivo Federal deve lançar um amplo projeto de apoio de projetos sociais de desenvolvimento do esporte em áreas carentes, municípios e favelas com a subsequente desapropriação de áreas para construção de equipamentos esportivos para ampla utilização da população.