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Enviada em: 29/07/2019

Um dos grandes legados da civilização grega foi a prática de esportes, a qual era realizada em grandes Jogos Olímpicos. No entanto, o esporte era restrito aos grupos dominantes da época, pois estrangeiros, escravos e mulheres não podiam participar das competições. Nos dias de hoje, a prática esportiva é direito constitucional de todos, porém ainda existem problemas como a falta de acesso de parcela da população e a falta de incentivo para fazer do esporte uma chave de transformação social e um aliado no combate ao preconceito, a fim de ressaltar a cidadania e o caráter democrático do país.       A princípio, é preciso frisar o obstáculo material existente em locais de vulnerabilidade social. Nesse sentido, observa-se como existem pouquíssimas quadras, bolas ou outros aparatos de diferentes modalidades esportivas nas favelas. Logo, são necessários projetos que levem a atividade até essas pessoas e ofereçam uma alternativa a seus futuros, como foi observado com a judoca Rafaela Silva, moradora de uma comunidade do Rio de Janeiro e grande medalhista nos Jogos Olímpicos de 2016. Assim como ela, muitos jovens podem ser transformados pelo esporte e podem mudar a forma como se enxergam, de como a se verem como cidadãos talentosos e capazes.       Somado a isso, convém observar como o esporte pode ser um aliado contra o preconceito. Sob essa ótica, pode-se citar a Copa Mundial Feminina de Futebol, em 2019, e as Paralimpíadas, em 2016. Ambos os eventos demonstraram como essas minorias podem apresentar jogos espetaculares, entretanto, ainda existe falta de apoio do público, o qual foi refletido em ingressos sobrando nos jogos paralímpicos e poucos pontos de audiência nas partidas transmitidas da copa feminina. Tal disparidade de incentivo prejudica o caráter democrático do país, visto que, segundo a filósofa Marilena Chauí, esse sistema político é caracterizado por participação, liberdade e igualdade de todos em qualquer esfera social, o que não é constatado no caso dessas pessoas em relação ao esporte.       Fica clara, portanto, a importância do esporte para transformar a sociedade e ratificar o perfil democrático do Brasil. Para efetivar essa premissa, cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social promover projetos que levem o esporte para as comunidades, mediante construção de quadras e fornecimento de materiais como bolas, redes e uniformes, a fim de que jovens se envolvam com a prática esportiva e se enxerguem como cidadãos. Ademais, emissoras televisivas devem veicular propagandas que incentivem a participação do público em modalidades como futebol feminino e jogos de deficientes físicos, informando datas e locais das partidas, com vistas a combater o preconceito. Assim, o esporte idealizado na Grécia será possível a todos e cumprirá sua função de promover a cidadania.