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Enviada em: 27/08/2019

Isaquias Queiroz, nascido em uma cidade pequena no interior da Bahia, de uma família grande, simples e sustentada por uma mãe viúva, foi o primeiro atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição dos Jogos Olímpicos. Certamente, esse é um bom exemplo de como o esporte é capaz de transformar uma vida, além de promover a cidadania por meio do maior acesso a direitos constitucionais, como o lazer, a prática esportiva e a saúde. Contudo, devido à falta de investimentos estatais, ainda há empecilhos para a consolidação do esporte como uma valiosa ferramenta social.    Deve-se destacar, de início, a importância das contribuições cidadãs promovidas pela prática esportiva para que, assim, ela seja mais incentivada. Como já exemplificado anteriormente, o esporte é um mecanismo de mobilidade e de inclusão social. Ou seja, quando talentos, como do canoísta baiano, são explorados e impulsionados, brasileiros podem se profissionalizar nas suas áreas de interesse e ter a possibilidade de desfrutar de melhorias financeiras e sociais. Além disso, a atividade desportiva é um mecanismo de afirmação de identidade, de dignidade e de autoestima. Um dos melhores exemplos disso é o evento dos Jogos Paraolímpicos, no qual pessoas com deficiências, físicas ou mentais, podem competir e, consequentemente, representar o seu grupo social e retirá-los um pouco da margem em que a sociedade os coloca: como inválidos e aberrações humanas.    Dessa maneira, pode-se afirmar que é importante investir na prática de esportes no Brasil, mas, para isso, é necessário abordar os impasses existentes nesse contexto, os quais têm como fonte a ineficiência de investimentos públicos. De acordo como presidente da Associação Brasileira de Gestão do Esporte, cerca de 80% das verbas direcionadas à área são divididas de acordo com interesses eleitoreiros, isto é, como moedas de trocas políticas, sem que haja um estudo técnico e social por trás. Com isso, há uma distribuição desigual do dinheiro e a necessidade de cada região não é atendida de forma eficaz. Por isso, muitas escolas públicas, por exemplo, não possuem infraestruturas, como quadras e campos, adequadas, tal qual equipamentos suficientes. Dessa forma, alunos não são estimulados e não têm a oportunidade de explorar as suas habilidades de forma mais profissional.    Portanto, ações governamentais são cabíveis. Os Ministérios do Esporte e da Educação, associados aos governos locais, devem criar uma grade desportiva a ser seguida por todas as instituições públicas de ensino. Por exemplo, cada mês do ano será voltada para o treinamento de uma modalidade específica. Para certificar a concretização disso, órgãos de fiscalização financeira devem ser instituídos para acompanhar os recursos distribuídos e certificar que estão sendo aplicados de acordo com a necessidade, garantindo equipamentos e infraestrutura em quantidade e em qualidade adequada.