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Enviada em: 14/10/2019

Sísifo brasiliensis   Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima eternamente. Assim, todos os dias, ele atingia o topo do rochedo, contudo, era vencido pela exaustão, então a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana dos cidadãos brasileiros, que buscam ultrapassar as barreiras às quais os separam do direito de acesso ao esporte de qualidade. Nesse contexto, convém analisar o papel fundamental do Estado e sua conduta perante a situação.  A princípio, a Constituição Cidadã de 1988, garante o esporte de qualidade como direito de todos e dever do Estado, sendo o compromisso deste, promover o acesso igualitário e universal às ações e aos serviços para a sua formação e proteção, todavia, o Poder executivo não efetiva esse direito. Assim, vale ressaltar a lógica de Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", no qual disserta que a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo, verifica-se que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil, à medida que urge políticas públicas prol aos esportes, uma vez que, eles trazem maiores qualidades de vida, unindo saúde e lazer.   No tocante à precária presença de acesso ao esporte, adentra-se na problemática social, por exemplo, nas áreas periféricas é onde o jovem se encontra mais a margem da sociedade. Sob essa perspectiva, conforme a Lei de Incentivo ao Esporte nº 13.726/2018, faz-se necessária a intervenção do Estado para diminuir a vulnerabilidade nesses locais. Outrossim, destaca-se as práticas esportivas como fundamento intrínseco aos hábitos saudáveis, bem como é notório seu potencial de sociabilidade entre os indivíduos. À vista disso, valores podem ser reproduzidos por intermédio da inserção do esporte nas camadas populacionais, tal como, a moral, a ética e até a competitividade para a construção do ser social.   Ante o exposto, debruçar-se sobre esse impasse é indebutável. Portanto, cabe ao Executivo Federal, por meio do Ministério da Educação, investir para impulsionar o poder de atuação das escolas, principal órgão governamental que atinge diretamente o cotidiano dos jovens, com o fito de mitigar a falta de informação acerca dos benefícios de práticas saudáveis. Dessa maneira, as escolas poderão contratar mais educadores físicos preparados para lidar de forma eficaz com os diversos níveis de dificuldade, instruindo desde cedo as crianças e os adolescentes, moldando-os para hábitos esportivos, assim, consequentemente, amenizá o problema na atual geração e o previnirá nas próximas. Desse modo, a realidade distanciar-se-á do mito grego e os Sísifos brasileiros vencerão o desafio de Zeus.