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Enviada em: 29/06/2017

Sujeito oculto      A literatura machadiana é marcada pelo pessimismo em relação à conduta humana, dizendo ser a mediocridade um aspecto inerente ao homem. Esse sentimento, todavia, é retomado hoje por professores e alunos que se deparam com o infeliz cenário de evasão escolar no Brasil. Diante de tal situação, é substancial compreender que o esvaziamento das escolas está intrinsecamente relacionado com a desigualdade social e com a ineficiência do método de ensino constituintes da realidade brasileira.     Em primeiro lugar, sabe-se que, segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas, cerca de 30% dos jovens que interrompem seus estudos o fazem para exercer algum trabalho. Esse fato tem origem na disparidade socioeconômica, a qual faz com que muitos alunos de baixa renda abram mão da escola pela necessidade de contribuir financeiramente em seus lares. Contudo, a interrupção do ensino escolar infanto-juvenil, em muitos casos, é como transmitir para a geração seguinte o legado da pobreza, uma vez que a educação ainda é o melhor meio de ascensão social no Brasil. Sendo assim, a função social da escola mostra-se extremamente necessária para reverter esse quadro.       Por outro lado, para além da questão socioeconômica, aproximadamente 40% dos jovens admitiram ser o desinteresse o principal motivo para evadir a escola de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. O método tradicional de ensino tem se mostrado insuficiente para manter o estímulo e a curiosidade dos adolescentes, já que esses buscam dinamização e participação direta no ensino, em contraposição à monotonia e ao teoricismo presentes nas salas de aula. Dessa forma, a mudança na forma como o conhecimento é transmitido também se torna um importante passo para transformar essa realidade.       Percebe-se, portanto, a necessidade de agir para que a evasão escolar deixe de ser um aspecto do cenário educacional brasileiro. Para isso, é ideal que as Esferas Municipal e Estadual invistam financeiramente nas escolas, no sentido de torna-las capazes de exercer sua função social, ou seja, de apresentar soluções aos alunos que demonstram dificuldade em permanecer nos estudos. Ademais, o Ministério da Educação pode propor uma inovação no método de ensino, possibilitando a maior inserção de recursos tecnológicos bem como de infraestrutura que permita uma participação mais efetiva do aluno na concepção do conhecimento. Assim, o aluno será, de fato, um sujeito presente.