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Enviada em: 01/07/2017

Paulo Freire, magistral educador brasileiro, afirmou que se a educação sozinha não mudar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda sob uma perspectiva de definição da educação como uma das principais ferramentas de remodelação social. Entretanto, o número ainda elevado de crianças e jovens que abandonam o ano letivo revela a preocupação existente com o futuro de milhões de cidadãos que não terão a qualificação mínima defendida pela Constituição. A partir disso, medidas devem ser tomadas para que o conhecimento não seja mais apenas um direito, e sim uma realidade.       Notoriamente, segundo dados divulgados pelo IBGE, o Brasil possui a maior taxa de evasão escolar entre os países do Mercosul. De fato, questões socioeconômicas contribuem para esse número assustador: a inserção precoce no mercado de trabalho, muitas vezes informal; gravidez na adolescência; envolvimento com drogas e crimes. No entanto, uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas revela que o principal pretexto para o abandono dos estudos é a falta de interesse e o fracasso escolar, com repetidas reprovações. De fato, excesso de conteúdos programáticos e parca aplicabilidade dos conceitos aprendidos em sala de aula seduzem jovens carentes à evasão, que não enxergam na educação possibilidade real de ascensão econômica.       Não se pode deixar de citar, a supressão de qualificação profissional gera crescimento do mercado de trabalho informal, com salários mais baixos e maior jornada diária, contribuindo para o aumento das disparidades sociais. Além disso, a baixa qualidade do ensino em sala de aula colabora com a impossibilidade de inserção de jovens carentes no ensino superior, muitas vezes incapazes de custear despesas com transporte, moradia e alimentação. Ademais, a conciliação entre trabalho e escola prejudica a plenitude da aprendizagem, fazendo com que a obtenção de conhecimento não seja uma tarefa prazerosa.       A partir do exposto, torna-se notável que a pluralidade de fatores que norteiam a evasão escolar exige ações diversas, e não apenas pontuais. Desse modo, é essencial que o ambiente escolar seja um espaço de troca entre alunos e professores, tornando o processo de aprendizagem aprazível. Assim, medidas que envolvam os alunos na adquirição do conhecimento, como grupos de pesquisa e uso de tecnologias, devem ser colocadas em prática pelos educadores. Outrossim, é viável que as escolas investiguem profundamente casos de faltas periódicas de alunos, buscando a motivação por trás da iminente evasão, oferecendo auxílio psicopedagógico aos alunos em situações de risco. Finalmente então, a educação como base da sociedade será uma realidade, para todos.