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Enviada em: 03/10/2018

Uso de animais em pesquisa: indesejável, porém necessário       A ciência moderna pauta-se na análise prática de proposições postuladas pela teoria. O desenvolvimento de fármacos, nesse sentido, implica a realização de experimentos para avaliar sua efetividade. O uso de animais nesses processos, embora se demonstre necessário, não deve ser admitido com resignação.       Deve-se, de início, pontuar que a produção de medicamentos fundamentais à saúde humana, tal qual o antirretroviral, tem ocorrido, em grande medida, a partir do uso de animais. Tal fato ocorre, pois, no nível microscópico, a relação bioquímica entre os seres vivos é muito próxima. O DNA humano, por exemplo, compartilha 99% dos genes encontrados no material genético de camundongos, conforme estudo publicado na revista científica “Nature”. E, ao utilizá-los em pesquisas, pode-se inferir os desdobramentos de um produto químico quando ingerido por um ser humano.        A utilização sistemática de espécies subordinadas ao homem, em contrapartida, não pode ser adotada como modelo científico adequado. À semelhança dos humanos, a maior parte dos animais utilizados nas investigações científicas são mamíferos, os quais possuem sistema nervoso evoluído, isto é, detêm formações biológicas responsáveis pelas sensações, como a dor. Usá-los de modo indiscriminado, portanto, é compactuar com lógica perigosa de que os fins justificam os meios.        É impreterível, em vista disso, que o uso de animais em pesquisas seja desestimulado. Para tanto, cabe ao Legislativo capitanear um amplo debate envolvendo a sociedade civil, de modo que, inicialmente, se limite o emprego desse recurso a pesquisas em níveis mais avançadas e busque atenuar eventuais problemas à saúde do animal. Além disso, as análises inicias devem utilizar "peles artificiais", que são tecidos produzidos a partir de células coletadas por doadores. Possibilitar-se-ia, então, criar um modelo de desenvolvimento científico mais plausível.