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Enviada em: 08/10/2018

O "Homem Vitruviano" de Leonardo da Vinci é o marco alegórico da passagem do ser humano para o centro do universo. A herança renascentista possibilitou ao homem desbravar a natureza através do domínio técnico-intelectual. Esse desbravamento, contudo, reduziu o meio ambiente e os demais seres vivos em uma visão utilitária. Diante da invasão do Instituto Royal, em São Paulo, ativistas reascenderam questões éticas que decorrem do uso de animais em experimentos científicos.   Cabe pontuar, a princípio, a dependência da ciência moderna de seres vivos nas pesquisas científicas. Prova disso, ainda não se é possível simular o funcionamento de sistemas complexos do corpo, a exemplo do sistema nervoso afetado pela depressão, em células. Consequentemente, há uma limitação do emprego de métodos alternativos, como o cultivo de tecidos in vitro, que visam reduzir a utilização desses animais. No século XIX, através da injeção da bactéria anthrax em um grupo de vacas, o cientista Louis Pasteur reduziu a 1% a taxa de mortalidade bovina. Portanto, é possível notar, historicamente, que sem o uso de animais a eficácia da ciência no combate a doenças infecciosas seria notoriamente inferior.    Sob outra ótica, a submissão de seres vivos à experimentação científica fere princípios éticos. A drenagem do sangue de fetos de bezerros é realizada para a venda do soro fetal. Como já foi comprovado, vertebrados apresentam sentimentos, ou seja, são seres senscientes. Assim, a evisceração e o abatimento da vaca para a coleta desse sangue, submete-a a momentos de horror e dores em níveis elevados. A partir da avaliação da atual postura do comércio agropecuário, o biocentrismo possibilita a reavaliação da condição meramente utilitária da natureza, oriunda do antropocentrismo, uma vez que defende o direito à vida de cada indivíduo. Logo, todas as formas de vida dispõem de igual valor, não devendo serem mortas para fins econômicos-científicos.    Em vista disso, a impossibilidade da completa substituição dos animais em laboratórios deve ser conciliada com o reexame dos princípios antropocêntricos. Para isso, o Ministério da Educação, por meio da implantação da disciplina "Consciência Ambiental", deve promover discussões éticas nas escolas sobre o valor da vida em todas as suas formas e o papel individual para assegurá-las, de modo a estimular nos jovens atuação no processo de mudança da coisificação dos seres vivos. Dessarte, a ética ambiental poderá ser disseminada na sociedade, permitindo ao homem enxergar além do seu direito ao ecossistema, mas também o seu dever de cuidá-lo.