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Enviada em: 15/06/2018

A obra "Vidas Secas", do autor modernista Graciliano Ramos, apesar de retratar a miséria restrita à região nordeste brasileira, exemplifica a condição desumana a que muitos cidadãos são submetidos em decorrência da fome e da exploração do trabalho. Nesse sentido, vê-se que, até os dias atuais, tal quadro perdura no contexto nacional e está intimamente relacionado à falta de investimentos em setores sociais por parte do Estado e à carência de políticas capazes de limitar a concentração de renda e a fome, o que requer soluções imediatas.  Primordialmente, deve-se destacar a imensa discrepância de qualidade entre os setores público e privado no Brasil, o que contribui para a perpetuação de fragilidade econômica e social da população mais pobre. Percebe-se, então, que, em virtude dos baixos investimentos governamentais nos segmentos sob controle estatal -tais como educação, saúde e transporte públicos-, os indivíduos de classe mais baixa sofrem com a menor qualidade de vida e com a dificuldade de ascensão social. Consequentemente, a camada da coletividade a qual possui condições financeiras de custear serviços particulares acaba sendo favorecida e mantendo sua posição imperante no pais. Segundo o sociólogo Antonio Gramsci, o fenômeno da hegemonia  constitui um mecanismo invisível no qual as posições de influência na sociedade são sempre ocupadas por membros de uma classe que já é dominante. Com efeito, forma-se um ciclo interminável em que a mobilidade social é raramente alcançada.  Outrossim, é válido salientar a falta de programas de limitação da concentração de renda no país. Segundo dados do estudo World Inequality Report, a camada 1% mais rica da população brasileira concentra 28% de toda a riqueza nacional. Tal quadro comprova a ineficiência de projetos igualitários de distribuição de capital, o que reflete o grande domínio de membros da classe mais abastada sobre os meios de produção. Assim, é perceptível que a falta de equilíbrio entre o excesso e a falta nas medidas políticas, tal como propunha o filósofo Aristóteles, impede a homogeneização dos atributos econômicos , abrindo margem para a continuidade da fome e da miséria no meio coletivo brasileiro.  Fica clara, portanto, a necessidade de superação da gritante desigualdade social  e do quadro da fome que acometem o Brasil. Destarte, cabe ao Ministério Do Desenvolvimento Social ampliar os programas de distribuição de renda por meio do aumento das concessões econômicas às camadas populares do país. Tal medida, que deve ser acompanhada, a longo prazo, pela maior destinação de verbas aos setores públicos, visa à equidade de condições financeiras e à erradicação da miséria no contexto nacional. Desse modo, tal cenário será paulatinamente suplantado pelas políticas estatais.