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Enviada em: 15/06/2018

Vida severina         O suplício da fome assola a civilização desde os seus primórdios. Nas últimas décadas tem-se visto uma diminuição nos níveis de pobreza extrema, fator este associado diretamente à fome, sendo causa e consequência da mesma, através de políticas públicas que visam reduzir a desigualdade social.        Diversos países do continente africano são, ainda hoje, os que mais sofrem com a fome. Depois de séculos de exploração por nações imperialistas, foram deixados à míngua para lidar com graves problemas de escassez, seja de água ou de alimento para o seu povo. O continente hoje é grande produtor de artigos advindos da monocultura, no entanto o alimento não abastece o mercado interno, sendo destinado em larga escala para exportação, o que evidencia os abismos sociais existentes. Comida suficiente é produzida, só não chega para todos.        A fome é um problema real e precisa ser visto como. Pessoas ainda morrem em decorrência dela, mas é uma realidade que insistem em não falar sobre. Por diversas vezes, as políticas que têm sido tomadas no combate à fome são restritas e pontuais, não incorporam uma real redistribuição de renda e poder. O resultado é uma diminuição da fome, mas uma crescente desigualdade social.        O Brasil é visto como exceção em relação ao problema nas políticas supracitado, já que a redução da fome no início do século XXI ocorreu concomitante à redução na desigualdade social, ou seja, a renda da parcela mais pobre da população aumentou em proporção maior que a da parcela mais rica. Isso foi alcançado por meio de políticas como o programa Fome Zero e o Bolsa Família, que visavam além de reduzir a fome, criar oportunidades de inclusão social para a população que vivia abaixo da linha da pobreza, a fim de que esta pudesse se estruturar e manter-se fora da estatística da fome.         Por fim, é necessária uma mudança na ótica de como a fome é vista, para que passe a ser lida como um problema mundial de responsabilidade de todos, sendo para isso necessário também um maior engajamento da mídia, escancarando esta realidade. Que as grandes nações troquem o rosto de seus inimigos, que são as pessoas pobres, e passem a lutar contra a pobreza. É preciso maior conscientização e humanidade, saber que o problema só terá o fim quando essa luta receber a atenção necessária. Enquanto isso não acontecer, diversas vidas severinas, secas, continuarão a perecer.