Na Europa Medieval, houve uma grave crise de alimentos devido ao grande contingente populacional, levando muitos ao óbito. Hoje, embora os avanços tecnológicos tenham capacidade de abastecer todos os indivíduos, a problemática da fome ainda persiste em virtude da má distribuição, os dados são alarmantes: apenas em 2016, mais de 800 milhões de pessoas foram afetadas no mundo, segundo a ONU. Dessa forma, faz-se necessária a discussão das causas e efeitos desse impasse. Primordialmente, é pertinente considerar que o principal fator desse panorama é a desigualdade social. Seguindo o ideário marxiano, no qual a economia decide os padrões do meio, é visível a raiz da fome ao associar a baixa renda monetária e os maiores acometidos por esse fato estarem nos países subdesenvolvidos, ou seja, sujeitos a alta concentração de renda. Sob outro ângulo, é possível ainda avaliar a situação na esfera política ao analisar, conforme os princípios do filósofo John Locke, a omissão do poder público. Nesse âmbito, o homem nasce com direitos inalienáveis, como igualdade e vida, tendo o Estado dever de protegê-los. No entanto, a fome mostra que essa concepção não prevalece, manifestando-se pela carência de políticas e de reforma fundiária. Além disso, é necessário reconhecer as consequências desse problema. A ocorrência de fatalidades fazem com que o país possa ser alvo de organismos internacionais, como a ONU e gera baixos indicadores sociais. Outrossim, com uma população desnutrida e propícia a doenças, aumenta-se a demanda por serviços hospitalares e medicamentos, o que representa mais gastos para o setor público a longo prazo. Destarte, esse impasse afeta negativamente a sociedade como um todo. Em vista dos fatos supracitados, é preciso erradicar a fome. Por isso, cabe aos governos estaduais e municipais, através de uma parceria com o setor privado, como ação a longo prazo, construir escolas e cursos técnicos com professores qualificados para adequar os indivíduos aos empregos visando à mobilidade social e, consequentemente, distribuição de renda e dos alimentos. Ademais, cabe ao governo federal investir maciça e regularmente em programas sociais, como Fome Zero e Bolsa Família como medidas a curto prazo. Também é fundamental que o INCRA, em parceria com as polícias, realizem uma reforma fundiária em áreas improdutivas e fiscalizem rigorosamente e punam com multas exemplares àqueles que a desrespeitarem, com o fito de aumentar o acesso à terra e, assim, agricultura de subsistência.