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Enviada em: 08/08/2018

O filósofo suíço Rousseau acreditava que a origem das desigualdades encontrava-se no estabelecimento da propriedade privada, uma vez que, por sua causa, diferenças eram estabelecidas entre os homens. Dessa forma, manifestava-se a desigualdade social que, não raro, originava o flagelo da fome. Sendo assim, ao longo do século passado, e, nas primeiras décadas do século XXI, fez-se necessário a ativa participação dos governos, ONGs e organismos internacionais, a fim de mitigar os males da concentração de renda.      A priori, a ideia da desigualdade social vincula-se necessariamente ao fenômeno da concentração do capital. Segundo o economista Thomas Piketty, a concentração de riquezas tem se acentuado desde 1970, e, no início deste século, observa-se uma regressão na igualdade, a qual se assemelha àquela percebida nas décadas finais do século XIX. Analogamente, segundo um relatório da ONG Oxfam, no ano de 2017, 82% da riqueza mundial ficou nas mãos do 1% mais rico. Ora, aquilo que causa tamanha disparidade entre os capitalistas e o restante da população é o modelo de governo adotado no início dos anos 1980, de cunho neoliberal; assim, através da desregulamentação e redução dos impostos sobre os mais ricos, o capital não é socializado. Por conseguinte, a desigualdade de renda e gênero prevalecem, favorecendo a marginalização e o desenvolvimento de bolsões de pobreza.      A posteriori, verifica-se que a realidade da fome liga-se ao fato de existir um vasto capital não compartilhados entre as nações. Isto é, recursos financeiros e tecnológicos, deixam de ser socializados em vista do favorecimento do lucro por especuladores internacionais. Por exemplo, as seis maiores transnacionais do mercado de sementes, segundo o o grupo ambientalista ETC, controlam 59% do mercado mundial do produto. Ou seja, em grande parte, a alocação das commodities básicas servem ao interesses dos empresários, ao invés de servirem à abolição da fome nos locais em que ela persiste. Nesse ínterim, a causa da manutenção da miséria se dá pela permissão dos governos de que oligopólios sufoquem a produção local e retenham para si as patentes que impedem a democratização das tecnologias. Por consequência, diversos povos deixam de ter acesso a meios e grãos básicos que supram sua demanda.      Portanto, tendo em vista as problemáticas elucidadas, cabe aos governos, em parceria com os organismos internacionais e ONGs ambientais, regular e socializar o capital financeiro e tecnológico, através da criação de impostos e decretos, os quais possibilitem um maior acesso aos bens materiais, a fim de reduzir as desigualdades sociais e a fome. Nesse sentido, será possível estabelecer relações de igualdade entre os povos, além da garantia de uma maior liberdade social.