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Enviada em: 05/10/2018

Na obra ''Vidas Secas'', escrita durante o modernismo, conta a história de uma família em um cenário de grande miséria e desigualdade social no sertão nordestino no século XX. Embora a sociedade tenha passado por transformações socioeconômicas, com a implementação de direitos cívicos, resguardando o cidadão dessas mazelas, o crescimento exponencial da pobreza no país evidencia a manutenção a realidade do romance. Nesse sentido, a concentração de renda e a negligência estatal são os principais contribuintes para a fome e a desigualdade no século XXI.       Nesse contexto, a restrição do poder de compra apenas a uma parcela da população influencia diretamente no aumento da pobreza. O fato de poucos brasileiros concentrarem cerca de 30% da renda no país, de acordo com a pesquisa Desigualdade Mundial 2018, enquanto outros vivem sem as condições mínimas, como alimentação, além de moradia e acesso à educação, demonstra a falha na garantia da isonomia entre os indivíduos defendida pela Constituição Federal. O poeta Manuel Bandeira, já retratava realidade semelhante no poema ''O Bicho'' ao comparar a atitude do homem procurando comida no lixo, a um animal faminto. Assim, percebe-se a inércia da sociedade para com as desigualdades, pois deixam cidadãos em condições análogas às retratadas no poema.       Ademais, a negligência do Estado para em relação à atenuação dos níveis de fome contribui para a problemática. Apesar da implementação de programas sociais assistencialistas, como o ''Bolsa Família'' e o ''Minha Casa, Minha Vida'', com o intuito de diminuir as desigualdades sociais, ainda há no Brasil altos índices de pobreza. Tal situação fica evidente com o número de moradores de ruas presentes nos centros urbanos e as condições sub-humanas nas periferias, trazendo à tona a dificuldade do governo em garantir o acesso às condições mínimas de vida desses indivíduos previsto na Carta Magna. Dessa forma, o governo marginaliza esse grupo social ao negligenciar a situação em que se encontram. Logo, pode-se comparar tal comportamento estatal ao do período colonial, descrito nos poemas de denúncia de Gregório de Matos, ao relatar a inoperância da instituição pública frente à miséria da população.       Portanto, o acúmulo de renda em parte da população e a falha estatal contribui para a manutenção da fome e desigualdade social na atualidade. Por isso, torna-se necessário que o Governo melhore a distribuição de recursos, por meio da cobrança de impostos proporcionais à renda, uma vez que haverá um retorno direto para a desconcentração de renda, a fim de direcioná-los para os programas sociais, diminuindo as mazelas sociais. Outrossim, cabe aos prefeitos organizar programas de reformas nas periferias, por intermédio de parcerias com empresas especializadas em desenvolvimento planejado, com o intuito de oferecer a estrutura básica a população e reduzir as desigualdades sociais.