Materiais:
Enviada em: 09/10/2018

Na obra “O Quinze”, a autora Rachel de Queiroz aborda a realidade brasileira por meio do personagem Chico Bento e da sua família, onde é retratado um cenário de extrema miséria e desigualdade social no sertão nordestino. Embora a sociedade tenha passado por transformações socioeconômicas, com a implementação de direitos cívicos, resguardando o cidadão dessas mazelas, o crescimento exponencial da pobreza no país evidencia a manutenção da realidade do romance. Nesse sentido, a concentração de renda e a negligência estatal são os principais contribuintes para a fome e a desigualdade no século XXI.    A priori, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, estabelece em seu artigo de número 25, o direito humano à alimentação adequada. Entretanto, o próprio Estado descumpre sua Carta Magna, ao negar esse direito a uma grande parcela de sua população, expondo-os à condição de fome extrema, assim marginalizando esse grupo social, ao negligenciar sua condição de vida. No demais, o poeta Manuel Bandeira já retratava realidade semelhante no poema ''O Bicho'', ao comparar a atitude do homem procurando comida no lixo, a um animal faminto, expondo à negligência do Estado para com sua população.    Ademais, no documentário “Réquiem para o Sonho Americano”, o filósofo Noam Chomsky desenvolve uma reflexão crítica sobre o processo de apropriação da riqueza e do poder por poucos e suas consequências, demonstrando uma relação diretamente proporcional entre concentração de renda e desigualdade social. Nesse contexto, a restrição do poder de compra apenas a uma parcela da população, influencia diretamente no aumento da pobreza. O fato de poucos brasileiros concentrarem cerca de 30% da renda no país, de acordo com a pesquisa Desigualdade Mundial 2018, enquanto outros vivem sem as condições mínimas, como, alimentação precária, falta moradia e sem acesso à educação, demonstra a falha na garantia da isonomia entre os indivíduos.    Portanto, faz-se necessário uma maior intervenção do Estado, com intuito de assegurar os direitos básicos e garantir uma maior igualdade entre os cidadãos. Para tal, é necessário que o Ministério da Fazenda realize uma distribuição mais igualitária de recursos, tornando a cobrança de impostos proporcionais a renda dos indivíduos, desse modo reduzindo a carga tributária dos menos favorecidos, possibilitando uma maior mobilidade social. Concomitantemente, o Ministério do Desenvolvimento Social deve criar uma rede nacional de assistência a pessoa carente, por meio do qual seriam distribuídos alimentos para a parcela mais pobre da população, assim reduzindo a fome e a miséria que acometem tais indivíduos, corroborando para a criação de uma sociedade mais igualitária.