Materiais:
Enviada em: 06/08/2019

Na obra "Os capitães da areia", de Jorge Amado, é mostrada a realidade de um grupo de jovens que habitam a capital baiana, e que sofrem, graças as desigualdades sociais, diversas problemáticas que permeiam o enredo da história. Apesar de se passar na década de 30 do século XX, tais dificuldades ainda estão presentes no ambiente social moderno, como é possível observar pelo coeficiente de Gini e pela realidade da população brasileira. Sabendo disso, é necessário refletir a respeito dos fatores que alimentam esse quadro, no qual se faz presente a fome e a pobreza, além de ponderar sobre suas consequências.       Recentemente, foi afirmado pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que não existe fome no Brasil. Outrora, o ex-presidente Lula afirmou ter erradicado tal mazela da realidade do povo deste país. No entanto, segundo dados do IBGE, em 2013 3,6% dos brasileiros tiveram insegurança alimentar grave, ou seja não possuem garantia de que irão se alimentar no futuro. Em um país que figura entre os maiores produtores e exportadores agrícolas do planeta, este é um cenário ambíguo que está ligado a fatores envolvidos no que se entende por desigualdade social, que são a distribuição desigual de renda e serviços públicos precários, quando comparados aos oferecidos pela iniciativa privada.       A fome e a desigualdade podem ser classificadas como eventos cíclicos e retroativos, pois tornam difícil a vida de quem se encontra sob seus efeitos diretos, gerando desesperança e falta de fé no futuro. Exemplo fictício desse conjunto, é o personagem Sem-Pernas - da obra "Os capitães da areia" -, que no começo da história possui problemas relacionados a desilusão e falta de perspectiva, causados tanto pela fome quanto pela desigualdade. Considerando tais características perpetuantes dessa conjuntura, é notável que se trata de um problema que não irá se resolver sozinho e por isso se torna necessária a ação dos agentes públicos, da sociedade civil, e das grandes corporações.       A fome e a desigualdade são problemas interligados e que não tem origem na atualidade nem tampouco na década de 30, quando se passa "Os capitães da areia". Se trata de uma questão que sempre acompanhou as sociedades humanas, e portanto não possui fácil solução. Mas, sabendo que vivemos em uma era marcada pela presença do mercado como ente regulador das relações humanas, é necessário buscar uma solução que se adeque a este contexto. Portando, através da redução de impostos sobre o consumo, que no Brasil são bem altos e impactam mais na parcela do povo que possui menor renda, e da execução de programas assistencialistas que ajudem a ascensão das camadas populares e não somente na sua subsistência, é possível transformar a erradicação da fome, que atualmente é uma bravata populista, em realidade.