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Enviada em: 31/08/2019

No livro “A Rainha Vermelha”, é retratada uma sociedade dividida pelo sangue – vermelho e prateado -, em que os vermelhos, a maioria populacional, enfrentam diversas problemáticas socialmente; como exemplo: a fome. Fora da ficção, tal contexto de diferenças de direitos, mesmo que assegurados pelas leis, são realidades de muitos brasileiros, principalmente essa falta de alimentação regular igualmente, em razão da desigualdade social e a ineficiência do Estado.        Em uma primeira análise, é válido destacar que o quadro vigente da fome possui como principal motivador a estratificação social. Nesse viés, Cândido Portinari, artista da Segunda fase do Modernismo brasileiro, retrata em sua obra “Retirantes” a necessidade de muitos nordestinos de irem para o Sul do país, pois viviam em um Sertão de grande fome e miséria. Por essa perspectiva, tamanha pintura remete a realidade desigual presente no Brasil, haja vista que o Nordeste é a região que mais enfrenta a problemática da alimentação, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tornando-se, ainda mais, um local com pouca mobilidade ao público.       Ademais, é necessário ressaltar que tal conjuntura está diretamente relacionada com a falta de interferência estatal. Prova disso é a condição que a idosa Maria de Nazaré, quando viva, retratou em uma reportagem realizada pela rede televisiva “RecordTV”, a qual, mesmo em rede nacional, não obteve nenhuma maneira de amparo governamental. A situação que essa mulher teve que passar é apenas uma das pessoas comparada ao total populacional que vive em situações desumanas e problemáticas que já deveriam terem sido sanadas, porque como acreditava Rousseau, filósofo contratualista, o governo deve visar o que a sociedade precisa.        Desse modo, a fim que a situação de direitos iguais sejam realidades plurais, urge que o Ministério do Trabalho, em conjunto com os Governos Estaduais, por meio de maiores oportunidades, promova nas cidades e estados que possuem uma grande quantidade de pessoas em condições de fome – principalmente nos locais nordestinos -, maiores oportunidades de empregos em empresas públicas, porém as vagas terão preferências as famílias mais necessitadas, para que a atuação estatal seja mais efetiva e, consequentemente, a proporção de desigualdade diminuirá. Logo, espera-se que esse impasse da fome fique apenas na ficção.