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Enviada em: 19/10/2017

O documentário "Ilha das Flores" de Jorge Furtado explica o que acontece em um lixão de mesmo nome onde porcos têm preferência em relação às pessoas que vivem na região na hora de catar os restos de alimentos. A partir do incômodo e da indignação provocada, o curta-metragem retrata a situação degradante de vida de seres humanos devido à desigualdade social. Fatores de ordem histórica e contraditória caracterizam a problemática.      Com a Revolução Industrial houve o crescimento das desigualdades entre burguesia e proletariado. Este trabalhava em condições insalubres, sofria forte exploração e recebia salários baixos, o que proporcionava grande mais-valia para os donos dos meios de produção. Paralelamente, o aumento do poder econômico de uma minoria também representou a expansão do poder político da mesma o que dificultou o avanço de medidas de distribuição de riquezas. Logo, como resquício desse período, 28% da população latino-americana é atingida pela pobreza , segundo estudos da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe.      Outrossim, o fato do século XXI ser marcado por grande desenvolvimento tecnológico, porém ainda não ter combatido uma necessidade configura um paradoxo. Uma vez que a Revolução Verde proporcionou desenvolvimento de maquinários agrícolas, insumos e sementes geneticamente modificadas, que apresentam maior resistência, a fome não deveria existir. Com isso, o fato dessa desnutrição ainda se fazer presente na vida de alguns indivíduos demonstra que o problema não está na produção de alimentos e sim na sua distribuição. No Brasil, durante a segunda fase do Modernismo, o poeta Manuel Bandeira publicou o poema "O Bicho" a partir dessa mazela presente na sociedade.      É notória, portanto, a relevância de fatores de cunho histórico e contraditório na temática supracitada. Nesse viés, cabe ao governo, por intermédio de seus órgãos responsáveis, fornecer amparo social para a parte da população que se encontra em condição de pobreza e sancionar leis visando minar a desigualdade. Tal medida pode ser efetivada por meio de programas como o Bolsa Família, as cotas nas universidades e o investimento em educação pública, visto que o ensino promove a ascensão social. Além disso, é necessário que o legislativo aprove leis que passem a cobrar o imposto de renda proporcional ao que cada pessoa recebe e não sobre produtos. Ademais, é importante que a própria população se mobilize na luta pela igualdade e por reformas, como a agrária. Para isso, é necessário a realização de campanhas, protestos pacíficos e passeatas nas ruas. Somente assim, será possível acabar com a subnutrição e a discrepância entre as classes e obter uma sociedade mais justa e harmônica.