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Enviada em: 27/05/2018

A grande geração de resíduos sólidos no Brasil, que advém da produção de bens de consumo, representa um grande desafio de gestão para o país. Isso compreende, sobretudo, uma postura insustentável da sociedade, um paradoxo moderno, que é bem exposto pelo poema concretista "lixo" de Augusto de Campos.              Tal questão tem raízes no modelo de desenvolvimento ,adotado pela sociedade pós Revolução Industrial, que está totalmente vinculada ao consumismo. Nessa perspectiva, a geração de lixo no Brasil cresceu cinco vezes mais que a população nos últimos anos, o que se comprova nas quase oitenta milhões de toneladas de resíduos sólidos gerados, segundo a Abrelpe, em 2016, reiterando a pensamento de Bauman de que o consumo de hoje não diz mais respeito à satisfação das necessidades. A situação está relacionada com o aumento do poder de compra de grande parte do brasileiros, na chamada década inclusiva,completamente desvinculado de uma educação ambiental. Isso se ratifica no fato do país ser o segundo que mais gera lixo eletrônico na América, que além de estar no contexto da obsolescência programada requer um tratamento adequado, já que possui metais pesados, que se acumulam no ecossistema.       Nesse cenário, o Brasil produz como país de primeiro mundo, mas descarta como as nações pobres. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos, por exemplo, que prever o fim dos lixões,não teve impactos, já que a maioria dos municípios brasileiros não se adequaram as normas, alegando falta de recursos. Assim, o país segue destinando inadequadamente quarenta porcento dos dejetos, contaminando, principalmente, as fontes hídricas. Isso toma contornos ainda mais graves quando analisa-se que mais da metade das cidades brasileiras não possuem saneamento básico, o que expõe a população a uma gama de doenças, tendo em vista que na América Latina, Asia e Africa morrem, anualmente, 3,5 milhões de pessoas em função do mau uso da água.            Diante dessa má administração brasileira ante a questão dos resíduos sólidos, é imprescindível que a responsabilidade seja compartilhada. Isso pode ser feito por intermédio de consórcios entre as prefeituras das cidades de pequeno e médio porte, para que elas possam ser atendidas por um único aterro sanitário e, assim, extinguir os lixões do país. É relevante,também, que as empresas de eletrônicos trabalhem com a logística reversa, colocando pontos estratégicos de recolhimento desse tipo de lixo. E é fundamental discutir , sobretudo, nas escolas a importância de um consumo consciente atrelado a ideia do reaproveitamento, infundindo nos alunos a política dos 3 R's .