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Enviada em: 30/08/2018

Durante a Idade Média, a má gestão de resíduos sólidos e a falta de saneamento básico resultaram em inúmeros problemas para a sociedade da época, a exemplo da aquisição de doenças. Paralelamente, observa-se que, assim como no período medieval, o ineficaz gerenciamento do lixo representa um cenário desafiador na atualidade. Assim, a problemática persiste ligada à realidade do país, seja pela insuficiência governamental, seja pelo descaso da sociedade.       Em primeiro plano, é indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema, manifestando-se na negligência do poder público acerca da gestão de resíduos no país. Segundo Bauman, sociólogo polonês, algumas instituições configuram-se como ‘’zumbis’’, uma vez que perderam suas respectivas funções sociais, mas tentam manter seus sistemas a qualquer custo. De maneira análoga, cabe destacar que o Ministério do Meio Ambiente acaba por falhar diante do seu papel, haja vista que, apesar de existirem políticas destinadas ao correto descarte do lixo, as prefeituras ainda depositam seus entulhos em lixões, motivadas, sobretudo, pela carência de fiscalização por parte de tal Ministério. Diante disso, caso nada seja feito, esse cenário permanecerá como um bloqueio para a resolução da problemática do descarte incorreto de lixo no Brasil.      Ademais, é necessário destacar o descaso com que a sociedade trata a questão da gestão de resíduos sólidos. Segundo o sociólogo Pierre Bordieu, a sociedade tende a incorporar a estrutura social de sua época, legitimando-a e reproduzindo-a. Assim, a cultura do consumo é enraizada no ideário coletivo, gerando uma maior quantidade de resíduo. Contudo, na sociedade quase inexiste a mentalidade tanto de reutilizar os objetos, quanto de destinar os resíduos ao local correto, prova disso é que, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, em 2016, 7 milhões de toneladas de resíduos sólidos foram simplesmente despejadas no meio ambiente. Diante disso, é evidente a omissão da população para com o lixo, agravando o problema no país.       Torna-se evidente, portanto, a necessidade de ações efetivas para a adequada gestão de resíduos sólidos no país. Para tal, o governo deve criar projetos para que em todas as cidades brasileiras sejam construídos aterros sanitários e locais de coleta seletiva, realocando os catadores para os centros de triagem. Ademais, cabe ao Ministério da Educação, em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente, inserir a educação ambiental na grade curricular, com o intuito de promover o cuidado com o meio ambiente. Por fim, é papel da mídia produzir campanhas exibindo os graves problemas que a poluição causa ao homem, ensinando a separar e reciclar seus detritos. Como resultado, a sociedade não experimentará o caos causado pelo descarte incorreto do lixo, assim como ocorreu no medievo.