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Enviada em: 21/08/2017

Já no século XV, há mais de 500 anos, o filósofo Thomas Hobbes afirmava que o homem era o lobo do homem, isto é, que suas ações prejudicam a si próprio. Hodiernamente, a questão do lixo, que é agravada pela conduta humana, gera um importante debate acerca de soluções para uma gestão efetiva dos rejeitos, fato que é entravado pela falta de descarte adequado e o aumento progressivo do consumo.              Ao analisar-se a produção de dejetos no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, constata-se que cada habitante gera cerca de 387 quilos de resíduos, valores que são superiores ao índice de países industrializados, como Japão e Coreia do Sul. Concomitantemente, outro estudo feito pela ABRELPE apontou que de todo o lixo produzido, apenas 18% é reciclado, o que propicia a decadência das paisagens brasileiras observadas no dia a dia. Analogamente, pode-se inferir que um dos maiores desafios enfrentados na preservação do meio ambiente é a falta de instrução da população sobre métodos de descarte adequado e, por isso, o Brasil é, hoje, um dos países mais "sujos" do mundo.       Ademais, o aumento desenfreado no consumo, tema muito abordado por Theodor Adorno, configura-se como um enorme entrave na luta pela gestão efetiva de rejeitos. Nessa perspectiva, considerando a teoria Frankfurtiana de que a cultura foi dominada pela indústria, depreende-se que, uma vez que a produção de mercadorias está condicionada à geração de lixo, a humanidade, assim como postulou Ludwig Feuerbach, virou refém de uma situação que ela mesma criou e, portanto, caiu em um paradoxo moral entre a estagnação do desenvolvimento e a perda das condições de vida no planeta.        Diante dessa conjuntura, a gravidade da questão e seus maiores desafios ficam explícitos. Desse modo, medidas devem ser aplicadas para que o problema seja sanado. Sendo assim, cabe ao governo e à mídia, em parceria, criar campanhas que informem o cidadão brasileiro sobre os métodos de descarte de resíduos adequados e o estimulem, por meio da redução de impostos cobrados para tratar o lixo, a exercer tarefas, como a coleta seletiva, que ajudam na preservação do meio ambiente. Outrossim, concerne à sociedade engajar-se na luta pela diminuição do consumo supérfluo de maneira a educar os jovens em prol de uma sociedade sustentável, a fim de controlar a gestão de dejetos e propiciar um mundo melhor para as gerações futuras. Nesse ínterim, a sociedade deve empenhar-se na solução desses desafios para que o homem não seja mais refém de suas atitudes e, assim, a teoria de Hobbes torne-se obsoleta.