Inutilia Truncat É incontrovertível que, na conjuntura hodierna, a presença de uma ideologia consumista é um dos fatores que contribui para a problemática da gestão dos resíduos. Paralelamente a esse fato, a questão do descarte e destino do lixo também se configura um desafio a ser superado por esta e as próximas gerações. Da apropriação do Fordismo como modelo de produção ao lançamento constante de atualizações de celular, o consumo se tornou uma prática pautada na obsolescência programada. Nessa direção, nota-se que os valores como bem-estar dos seus semelhantes e o cuidado com o planeta entram em desuso quando o indivíduo se centra na lógica capitalista de consumir e descartar. Desse modo, reduzir o consumo - e, consequentemente, o volume de lixo, é uma forma de construir, na população, um comportamento que preze pela sustentabilidade em suas dimensões econômicas, sociais e ambientas. Os efeitos nocivos dos lixões como a proliferação de doenças, contaminação dos lençóis freáticos, agravamento do efeito estufa e a formação de chorume são realidades da problemática do destino do lixo. Sob essa ótica, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, 80 milhões de dejetos são produzidos pela população brasileira anualmente e 60% das cidades brasileiras descumpriram a lei dessa política para erradicar os lixões. Diante disse, iniciativas ecológicas como coleta seletiva e a substituição dos lixões por aterros sanitários, ainda caminha em passos lentos para serem amplamente implantadas no Brasil. O princípio latino 'inutilia truncat' foi utilizado no Brasil do século XVII para sugerir que o progresso da literatura se dava com o corte do inútil, em referência aos excessos cometidos pelo barroco. Da dimensão da literária para a realidade contemporânea, é imprescindível reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso. Para que isso ocorra é dever do Estado reafirmar incentivas de reciclagem e aumento do número de pontos de coleta seletiva no país. Por meio da escola e da mídia, é preciso garantir que as pessoas tenham informação relevante e conscientização para que o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza seja o dever de cada indivíduo da sociedade.