Materiais:
Enviada em: 04/08/2018

"A mudança é aparente e a essência não muda", afirmou o filósofo pré-socrático Parmênides de Eléia sobre a origem das coisas. Apesar da atual democracia, uma certa imutabilidade permeia a gestão pública brasileira, podendo ser reflexo de conflitos de base política, econômica e até mesmo ideológica.       É possível perceber que embates de base política e econômica se relacionam à administração pública na medida que os discursos gestores são concentrados em "críticas" ao governo atual ou anterior e na manutenção de programas sociais, como Bolsa Família ou Auxílio Reclusão, os quais parcamente geram mudanças efetivas na vida dos contemplados. Essas medidas não visam organizar o sistema educacional, minimizar a problemática da fome ou da criminalidade, mas sim concentrar renda nas mãos de poucos para perpetuar concepções partidárias elitistas. Dessa forma, os setores públicos são geridos por dilemas que pouco favorecem a massa social.       Outrossim, mesmo com a modernização e o surgimento de novos conceitos e visões, o que se observa é a perenidade de convicções ideológicas. Nesse sentido, fração significativa da sociedade não raciocina de forma crítica, mas prefere se associar a uma ideia de "esquerda" ou de "direita" visando interesses individuais em detrimento do que seria melhor para a maioria. Sendo assim, poucos questionam se a gestão da coisa pública é permeada ou não de segundas intenções, distanciando-se do imperativo categórico kantiano já que não apontam a uma real universalidade.       Evidencia-se, portanto, o emaranhado de interesses que entremeia a gestão pública no Brasil. Para que a gerência do bem comum não seja engessada e se adapte às demandas sociais, urge a necessidade de esclarecimento popular por meio de incentivo aos debates de opiniões e trocas de ideias em ambientes comunitários - escolas, igrejas, universidades, comunidades tradicionais - orientados por professores, líderes locais, ONGs, além de apoio de mecanismos midiáticos e órgãos competentes. Assim, aumentariam as chances de implementação ou criação de uma gestão voltada à pluralidade e justiça, longe da tradicional pessoalidade das raízes brasileiras.