Materiais:
Enviada em: 03/08/2018

Na democracia ateniense, a gestão pública contava com a participação sensível dos cidadãos por meio de assembléias na famosa Ágora. Lamentavelmente, o Sistema de Governo Brasileiro segue uma tendência contrária, pois tem substituído a preocupação com a boa gerência dos recursos por uma politicagem demagoga cujo fim é a manutenção de poder para o enriquecimento privado. Desse modo, o cidadão é condenado a serviços públicos sucateados e a pagamentos de impostos exorbitantes para a manutenção de uma máquina pública ineficiente e corrupta.    Em primeira análise, é inquestionável que "o homem é um ser político", como nos legou Aristóteles. Entretanto, a atual forma de fazer política nacional é reduzida a um projeto de poder no qual o Estado não mais serve aos interesses da sociedade. Além disso, a falta de transparência e de uma gestão pública participativa tem sido a tônica para os escândalos de super-faturamento, os casos de nepotismo e as lideranças ministeriais concedidas pelas relações de conchavo; o que aumenta a descrença da população em relação à classe política. Logo, a substituição de um  projeto de poder por um projeto de nação é nevrálgica para resgatar o papel gestor do Estado.    Outro fator desanimador para o cidadão é a consciência de que uma parte dos seus impostos está em paraísos fiscais e não são aplicados em serviços para o coletivo. Assim, é inadmissível que uma cidade como o Rio de Janeiro, cujo turismo e Royalties do petróleo conferem-lhe um alto PIB, esteja passando por uma profunda crise nos serviços de saúde e segurança. Tal configuração caótica, além de estar ligada aos desvios de recursos, também está associada à nomeação não meritocrática  dos secretários responsáveis por esses serviços. Cabe ainda salientar que o Chile tem se mostrado um exemplo de que a meritocracia é fundamental para uma administração de sucesso.   Evidenciam-se, portanto, obstáculos significativos para uma gestão dos recursos públicos de qualidade, fator fundamental para o desenvolvimento. A fim de desanimar os projetos de poder que apenas visam a manutenção dos grupos corruptos, o Judiciário  deve desarticular a emenda da reeleição por meio de uma reforma legislativa e a sociedade deve garantir a rotatividade de poder por meio do voto consciente atrelado à análise das propostas dos candidatos em relação ao bem-estar social. Além disso, com o objetivo de melhorar a gestão das secretarias de serviços públicos, o Governo Federal deve impor aos estados e municípios uma nova forma de eleição de cargos, ou seja, por intermédio de concursos específicos que avaliem a capacidade do candidato. Com isso, espera-se uma menor incidência de um continuísmo corrupto governamental e uma gerência de qualidade dos tributos arrecadados.