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Enviada em: 05/08/2018

Policarpo Quaresma, personagem de Lima Barreto é criticado por ter uma visão utópica do Brasil. Entre seus anseios, está o de não ter corruptos na política. De maneira análoga, a má gestão pública do país e os recentes casos de desvio de dinheiro, como o escândalo da Petrobrás, fazem com que uma parcela significativa da população brasileira encare o país de forma oposta ao major Quaresma: um Brasil sem corrupção configura-se como um sonho distante. Desse modo, fica evidente a necessidade de medidas para atenuar essa problemática.     Em princípio, é notório que a má gestão de recursos da nação possui raiz histórica. Sob essa ótica, no processo de colonização português, o lucro advindo da colônia não ficava na colônia e ia para a metrópole. Essa prática perpetuou-se de forma semelhante na contemporaneidade: os governos estaduais e municipais usam o dinheiro público de forma ilícita por meio de sobrepreços e superfaturamentos, não o retornando de forma benéfica à população. Somando-se isso com a falta de fiscalização das contas públicas, o contrato social de John Locke é violado, ou seja, o Estado passa a não cumprir suas funções como administrador da nação.     Ademais, é importante salientar a lentidão do Poder Judiciário em exercer seu papel quando praticada ilicitude em cargos públicos. Nesse raciocínio, benefícios como o arquivamento de processos e o "foro privilegiado" impedem a efetuação do princípio constitucional da isonomia, que afirma teoricamente que todos são iguais perante à lei. Dentro desse contexto, esses fatores atrasam os julgamentos políticos e passam à população uma sensação de impunidade. Por consequência, o brasileiro tender a descrer no Governo e se torna "cordial", etimologia essa de Sérgio Buarque de Hollanda, que explica a falta de interesse do indivíduo de participar da coletividade — nesse caso, da política.     Logo, é fundamental uma ação conjunta entre o Governo e a população. Karl Marx, ao dizer que as inquietudes são a locomotiva da nação, pressupõe que as mudanças são necessárias para o desenvolvimento da sociedade. Sob essa visão, os civis devem, em primeiro plano, cobrar do Tribunal de Contas da União transparência e uma fiscalização mais rígida por intermédio de protestos. Além disso, o Estado deve tipificar os crimes de superfaturamento e sobrepreço como crimes de Primeira Instância, para que haja a dissolução do foro privilegiado. Não obstante, aplicar penas mais rigorosas aos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de verbas públicas são medidas cabíveis para que o desejo de Quaresma possa se concretizar.