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Enviada em: 06/08/2018

Na obra O Príncipe, Nicolau Maquiavel expõe que nada faz um príncipe ser tão estimado quanto realizar grandes empreendimentos e dar de si grandes exemplos. Paralelo aos dias atuais, a maneira como alguns gestores que estão frente aos cargos públicos brasileiros conduzem suas funções impossibilita a exemplificação de uma boa conduta, haja vista os escândalos de corrupção. Dessa maneira, é pertinente ponderar o panorama da gestão pública no país.        Em primeira análise, pode-se apontar que a visão patrimonialista do poder corrobora para a má ineficiência da execução política. Isso porque o mecanismo público é visto como um interesse privado, fato que se encontra enraizado no Brasil e abre margem para condutas de corrupção, as quais ganham impulso devido à falta de fiscalização. De acordo com a Lei 8.429 de 1992 os atos de improbidade prescrevem no prazo de cinco anos na ausência de julgamento, o que em um país com inúmeros traços deficitário no âmbito judiciário favorece a impunidade de gestores corruptivos e transfere os prejuízos para a população, a qual lida diariamente com a defasagem de serviços como a saúde e educação e desvios em programas sociais. Logo, em um cenário de contingenciamento econômico, uma gestão negligente influi decisivamente para o não crescimento do país, indo conta o pensamento do escritor austríaco Stefan Zweig, que considera o Brasil um país de futuro.       Além do mais, ressalte-se que o cidadão brasileiro vive em uma situação comoção no que concerne ao âmbito político, a considerar a sua pouco participação nessa esfera. Nesse contexto, não obstante a criação de mecanismos como a Lei de Acesso à Informação e os Portais da Transparência tenham colaborado para governos menos corruptos e mais eficientes, o pouco interesse da população em fiscalizar efetiva ações de criminalização no domínio público. Outrossim, essa ótica de desinteresse atua de forma direta para a escolha de candidatos despreparados e ineficientes, sobretudo, para as Autarquias Municipais, as quais em consonância com o corte de gastos frequente da União têm tido desafios na garantia dos serviços essenciais, exigindo gestores cada vez mais preparados.        Infere-se, portanto, a necessidade de medidas capazes de melhorar o cenário da gestão pública no Brasil. Assim, os Tribunais de Contas do Brasil devem realizar ações periódicas de fiscalização do dinheiro público, tendo enfoque em gestões cujos municípios sofrem graves problemas sociais, sobretudo, no âmbito da saúde e educação, a fim de identificar possíveis desvios e punir os responsáveis. Por fim, cabem às instituições como o Observatório Social do Brasil a promoção de campanhas no âmbito das redes sociais, capazes de empoderar a população na participação política, fazendo-a exigir transparência e eficiência dos governantes, com o fito de melhorar a gestão pública.