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Enviada em: 31/07/2018

A concepção de Política, embora tenha tido alterações de acordo com a época, como define a dialética hegeliana, sempre apresentou, em comum, o bem-estar social como centro. Todavia, no Brasil hodierno, esse ideal não é tão colocado em prática, visto que os líderes da gestão pública estão transgredindo regras e normas e priorizando os interesses particulares em detrimento do coletivo. Diante disso, vale analisar os fatores culturais e governamentais a fim de atenuar essa problemática.   Primeiramente, é preciso considerar a relação entre essa questão e o "jeitinho brasileiro". De fato, desde o período colonial, como enfatiza Gilberto Freyre, as práticas de corrupção e de ilegalidades, visando o benefício próprio, são presentes. Infelizmente, essa realidade de séculos atrás ainda é existente no contexto atual nacional. Parafraseando Sérgio Buarque, a cordialidade é enraizada na população do Brasil, visto que o mérito e o esforço são desvalorizados em detrimento das relações de apadrinhamento, que, através de brechas e de desvios, infringe as leis e a democracia, a fim de alcançar regalias particulares. Nesse viés, o despotismo, as fraudes em concursos públicos e a troca de favores em troca de votos tornam-se exemplos dessa deplorável situação, que precisa ser mudada.   Além disso, é válido ressaltar a negligência governamental dos representantes dos Poderes e o agravamento dessa questão. Diariamente, jornais noticiam as prisões e os desvios de verbas dessas lideranças. Por conseguinte, o Brasil, que já tem pouco investimento estatal nos setores básicos - saúde, educação e segurança -, acaba sendo mal visto pelos estrangeiros que desenvolveriam mais recursos econômicos no país, visto que a atuação da gestão pública não é eficaz. Nesse sentido, percebe-se que, a exemplo dos oligárquicos do século XX, os governantes preferem o enriquecimento e o benefício individual, a partir da corrupção do capital que deveria ser revertido ao bem-comum do povo, do que serem íntegros. Ademais, há também a manutenção do poder ao longo das gerações da família, com base em uma lógica de Maquiavel e bem exemplificada nas arcaicas práticas coronelistas.   É claro, portanto, que é preciso intervir nessa problemática. Para isso, o Poder Judiciário e Legislativo devem atuar juntos. O segundo deve, a partir do consenso entre os legisladores, reformular as brechas das leis e criar novos artigos, para que o primeiro possa aplicar, de forma eficaz e efetiva, os códigos jurídicos, a fim de fiscalizar os políticos e funcionários públicos, punindo os transgressores das rubricas constitucionais, de forma a reduzir os casos de corrupção e as fraudes. Ademais, a Sociedade Civil Organizada deve se manifestar de forma pacífica, reivindicando seus direitos, assegurados na Carta Magna, exigindo dos políticos maior atenção com as necessidades básicas à vida e ao ideal democrático, pois, embora a concepção mude, a Política sempre será o pilar para o bem-comum.