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Enviada em: 04/08/2018

Animais Aristotélicos    A frase “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”, citada no livro Memória Póstumas de Brás Cubas, descreve a vida do personagem Brás após uma fracassada experiência na política. Retratada através de jogos de aparência e ganância, reflete muito a realidade de hoje no Brasil: as más gestões públicas.     Em primeiro lugar, é necessário entender a importância da população no assunto. Aristóteles, um grande filósofo grego, diz em seus relatos que o homem é um animal político, ou seja, o homem naturalmente atua na política. No entanto, por causa de paradigmas e conceitos criados ao longo do tempo, devido a descrença na gestão pública, como “política não se discute” e a “política não tem mais jeito”, o homem político aristotélico acaba enfraquecido e a falta de consciência e de interesse em mudar o quadro político no momento eleitoral se amplia. Consequentemente, políticos despreparados e desinteressados muitas vezes acabam ocupando as gerências públicas, prejudicando ainda mais o cenário com corrupções e descaso.     Ademais, os resultados das más administrações nos ambientes públicos precisam ser compreendidos. No início do século XX, o Brasil passou por um processo de urbanização que aconteceu de forma rápida e tardia em relação a outros países. Por conseguinte, muitos problemas urbanos surgiram ao longo do tempo. Entretanto, muitas vezes sem agir conforme cada região demandava, as situações, como a debilitação da educação e saúde e o aumento da violência e desigualdade, se agravavam. Pois, como o escritor Paulo Lima citou em um de seus livros,  a gestão é a capacidade de fazer o que é preciso ser feito e cada município ou estado tem uma necessidade de um planejamento específico para que as questões sejam resolvidas.     Portanto, visto que a situação da má gerência pública está intrinsecamente relacionada com a descrença na área política dos brasileiros e que as suas consequências agravam os problemas urbanos já existentes, é preciso que o Ministério da Educação crie um projeto para ser implementado em todo o ensino fundamental e médio, criado por psicólogos e sociólogos, sobre a importância da política e a história das gestões brasileiras através de palestras interativas, grupos de estudos e jogos educativos em todo o ano letivo. Assim, talvez as crianças e os adolescentes sejam animais políticos como Aristóteles descreveu e consigam romper os paradigmas da políticas para que os retratos negativos das administrações públicas fiquem apenas relatados em livros, como o de Memórias Póstumas de Brás Cubas.