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Enviada em: 05/08/2018

Platão, em sua obra “A República”, disserta sobre as formas harmoniosas de se administrar uma cidade, assegurando para que essa mantenha-se livre da anarquia, dos interesses particulares e do caos. Nesse cenário, o filósofo desenvolve o conceito de Sofocracia, um sistema político no qual a sociedade é dividida de acordo com as aptidões dos indivíduos, estando aptos a participar da administração local apenas os cidadãos que detinham o ideal do bem comum. Posto isso, é possível notar que, no Brasil, tal modelo de governo encontra-se corrompido em sociedade, uma vez que a gestão pública atual se apresenta desvinculada dos princípios de cidadania e harmonia social.         Inicialmente, é necessário atinar para os fatores que deturpam a gestão pública brasileira, posto que tal administração se apresenta, em geral, ineficaz na resolução das questões sociais do país. Ao passo que muitos governos tendem a ser circundados pela corrupção, casos de desvio de verbas e falta de planejamento tornam-se constantes no cenário nacional, fazendo com que projetos destinados a população sejam negligenciados, além de refletir, negativamente, nas condições de saúde e de educação local. Desse modo, percebe-se que os princípios da gestão platônica não são respeitados, visto que os governantes não direcionam suas ações ao bem-estar social dos cidadãos, culminando em uma administração que degrada, paulatinamente, a sua própria população.      Ademais, é válido ressaltar que certos aspectos da sociedade brasileira influenciam de forma negativa nas diretrizes da gestão pública do país. Em vista disso, pode-se destacar a obra “Raízes do Brasil”, na qual o povo brasileiro é descrito como “cordial”, ou seja, aquele que é influenciado pelos sentimentos, família e religião. Com isso, percebe-se que o cidadão brasileiro tende a privilegiar os interesses pessoais em detrimento do coletivo, e, sem o conhecimento e as instruções necessárias, torna-se um sujeito corrompível na política nacional, dado que tal cenário se apresenta permeado por situações que emanam a objetividade e a racionalidade como aspecto preponderante nos indivíduos.     Diante do exposto, torna-se evidente que a gestão pública brasileira apresenta-se instável, circundada por problemáticas que deturpam sua função social. Destarte, para mitigar tal cenário, é necessário que a Polícia Federal, por meio de ações de controle e fiscalização, investigue as principais administrações do país, a fim de romper com a corrupção que circunda a gestão nacional. Semelhantemente, as escolas, com projetos educacionais e comunitários, devem instruir jovens e famílias acerca da ética governamental, habilitando-os para a coletividade social, no intuito de eliminar o aspecto individualista do “homem cordial” e retomar, enfim, com os princípios de bem comum expostos pela Sofocracia platônica.