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Enviada em: 05/08/2018

Considerado um dos principais sociólogos modernistas, Emile Durkheim, comparava a sociedade atual a um “corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Desse modo, para que esse organismo esteja em equilíbrio, torna-se necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam garantidos. Entretanto, quando se observa a gestão pública no Brasil, percebe-se que há um desequilíbrio. Nesse âmbito, surge a problemática da má administração pública no país, seja por uma passividade governamental, seja por um lenta mudança de atitude social.                   Em primeira análise, vale ressaltar que a questão Constitucional está intrinsecamente ligada ao problema. Conforme Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, pela justiça, o equilíbrio seja alcançado. De maneira análoga, ao se observar a ausência de leis de fiscalização da gestão pública e a não punição de corrupção no setor, quebra essa harmonia aristotélica. Embora a função de um gestor seja orientar o desenvolvimento de um setor em observância aos anseios do povo, observa-se que muitos utilizam desse cargo para benefício próprio. Outrossim, a ausência de fiscalização e a branda punição, em casos de corrupção, fomenta a prática. Destarte, a escolha por indicação políco partidáro ao invés de profissionais qualificados em suas respectivas áreas, mesmo honestos, cooperam para o mal uso do dinheiro público.        Ademais, percebe-se que o problema está longe de ser resolvido. De acordo com Durkheim o fato social é a maneira coletiva de agir e pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Entretanto, fatos e modos de pensar não são eternos, desde que atitudes modeladoras sejam executadas. Logo, a ausência de atitude social em cobrar uma boa administração e retorno dos impostos pagos em forma de benefícios, adiciona aos fatores supracitados caracteres inatos, logo atemporais e tendentes à permanência.        Portanto, para que o “corpo biológico” se sustente, medidas devem ser tomadas. Cabe ao governo, na figura do Poder Legislativo, criar leis com maior abrangência de fiscalização do uso do dinheiro público, por meio de profissionais qualificados, a fim de intimidar a prática; além de autorizar somente profissionais especializados em cada setor, selecionados via concurso público, a fim de impedir indicação política e melhorar a gestão. Cabe ao Governo criar um site, de domínio público, no qual possibilite a sociedade observar qual direcionamento de seus impostos, realizar cobranças e ampliar a transparência e participação pública.