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Enviada em: 12/08/2018

No Brasil, a administração pública já passou por diversas modificações, no entanto, atualmente vê-se ainda resquícios de um contexto histórico governamental patrimonialista, no qual pode-se observar uma confusão sobre o que é público ou privado. Nesse sentido, a gestão pública está intimamente ligada à responsabilidade social e serviços públicos, mas infelizmente também se encontra vinculada à corrupção. Destarte, essa problemática tem suas raízes na falta de ética governamental e de uma herança cultural conhecida como "jeitinho brasileiro", necessitando, portanto, de uma remodelação dos projetos escolares, governamentais e legislativos.  Cabe ressaltar, a princípio, que a deturpação do código legislativo corrobora para uma sociedade que faz uso da imposição do individual sobre o social. No que concerne a esse contexto, é mister buscar, nas ideias do historiador Sergio Buarque de Holanda, o enredo para a compreensão daquela problemática, já que ele utiliza o homem cordial para exemplificar a conduta do brasileiro, marcada principalmente pelos afetos, confundindo as dimensões da esfera pessoal com a impessoal. Tal situação é visível nas conhecidas "trocas de favores" e no "jeitinho brasileiro", esse que acaba por omitir a universalidade da lei, uma vez que lida com coisas públicas como se fossem privadas, para alcance de um fim de interesse próprio. Outrossim, o descompromisso de boa parte da população no que diz respeito à ética corrobora cada vez mais para a existência da má gestão dos recursos coletivos. Nesse tocante, a população precisa criar um pensamento mais crítico para compreender que a ética nos serviços públicos passa pelo conhecimento de seus direitos e deveres e, além disso, que quando um cidadão tenta burlar a lei para conseguir vantagens, ele também contribui para que a corrupção ocorra. Desse modo, seguindo a linha de pensamento do filósofo Aristóteles, o qual afirmará que a base da sociedade é a justiça, vê-se a importância de uma sociedade justa para êxito do bem-estar social e administração pública.   É necessário, portanto, que o Judiciário trabalhe junto ao Governo e a escola com desígnio a uma maior prática da ética pelos cidadãos e também para uma gestão pública justa calcada no ganho social. Para tanto, o poder Legislativo deve aplicar a lei conforme ela disserta, ou seja, ser universal e sem prestígios sociais, por meio de uma maior fiscalização e aplicabilidade dela. Ademais, o Governo, por intermédio de programas sociais, palestras e políticas públicas, deve reconhecer os problemas da cidade e procurar resolvê-los para o bem-estar social. Outrossim, a Escola, mediante aulas, projetos escolares e debates, deve buscar o apuramento do senso crítico social, para que o ideário de uma sociedade justa, proposta pelo filósofo Aristóteles, se faça mais presente no Brasil atual.