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Enviada em: 09/08/2018

De acordo com a socióloga brasileira Marilena Chauí, a democracia deve ser um sistema de direitos igualitários para todos, sem ações que prejudiquem um grupo em prol de outro. No entanto, esse regime é dificilmente efetivo no setor da administração pública, haja vista que essa área apresenta desafios que impugnam a eficiente gestão do aparelho estatal no Brasil. Tais déficits advém das práticas culturais de se fazer política no país e da arcaica mentalidade da população.   Em primeiro plano, é necessário ressaltar que as formas de se produzir política pelos atores públicos, enraizadas desde a época da famigerada política dos governadores, está entre as causas dessa temática. Pode-se pontuar, inicialmente, a concepção do filósofo parisiense Michel Foucault, a qual evidencia que o poder é a base inevitável de todas as relações humanas. Seguindo essa ótica, a função política se mostra como um instrumento de poder, dado sua capacidade de possibilitar intervenções, no sistema público, que favoreçam determinados segmentos. Dessa maneira, fica gritante, que a ausência de uma reforma política no sistema governamental brasileiro proporcionará a manutenção dessa estrutura ineficiente. Característica essa, advinda da memorosa negligência do Estado em ofertar ao seu povo os serviços públicos básicos, os quais se revelam fragilizados seja por falta de verba ou mesmo pela má gestão da máquina pública.   Acresce-se a isso, a importância em retratar a atitude passiva de grande parte dos brasileiros em relação à essa questão como agravador dessa problemática nacional. Aliás, conforme a teoria do sociólogo francês Durkheim, o fato social é uma maneira de agir e pensar dotada de exterioridade, coercivismo e generalização. Seguindo essa vertente, uma vez que uma criança presencia pelo seu núcleo familiar a falta de interesse pelos assuntos de ordem pública da sua sociedade, tende a adotar também por vivência em grupo essa forma de agir. Desse modo, a propagação desse estilo de vida gera, por conseguinte, a falta de atitude popular, o que, por seu turno, implica na aceitação de tudo o que for imposto pelos chefes políticos sem nenhuma ratificação pelo povo e, dessa forma, a conservação dessa dinâmica acaba por favorecer a ineficácia desse setor.   Consoante ao mencionado, fica evidente, portanto, que existem obstruções para que haja a eficaz administração pública no país, sendo preciso intervenção. Logo, os brasileiros devem, mediante uma ação pública em conjunto com a aplicação de pressão diplomática em seus representantes no congresso, requerer uma reforma política austera e rigorosa no país, visando dificultar a prática de corrupção pelos agentes do Estado, a fim de consolidar uma maior eficácia na distribuição do recursos públicos. Posto isso, em médio prazo, a eficiência do setor estatal irá ascender gradualmente.