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Enviada em: 17/04/2018

Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, em sua obra "Em busca da política", nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar ou deixa que esta caia em desuso pode esperar por respostas paras os problemas sociais que a afligem. Nessa perspectiva, tornam-se passíveis de discussão os problemas enfrentados, hoje, pela população brasileira no que tange à gravidez na adolescência. Logo, coletividade e poder público devem unir forças com vistas a combater esse impasse social.       A ausência de informações sobre o ato sexual viabiliza o aumento de casos de gravidez na adolescência. Desse modo, é indiscutível a predominância do mito que ao dizer sobre o sexo para um jovem irá encorajá-lo a se tornar sexualmente ativo, isso ocorre não somente nas instituições de ensino regular, mas também no âmbito familiar. No entanto, ao mesmo tempo que os educadores e os pais omitem informações necessárias de prevenção, os adolescentes obtêm conhecimentos de maneira sub-receptícia, assistindo pornografia e, até mesmo, fazendo o sexo. A título de exemplo, aproximadamente cinquenta por cento dos garotos e garotas se tornam sexualmente ativos com pouca, ou nenhuma, informação sexual, o que colaborou para que quase cem mil meninas de 19 anos se tornassem mães apenas no Estado de São Paulo em 2014, segundo dados do SEADE.             Ainda fazendo uso da sociologia baumaniana, o indivíduo vive, hoje, em um mundo volátil, o que caracterizou a obra "Modernidade Líquida". Essa nova modernidade tem como principal perfil o individualismo humano e, por conseguinte, a dificuldade em compreender a importância em transmitir e em propor medidas de prevenção com o objetivo de amenizar os casos de gravidez precoce, já que apesar da população compreender a necessidade de um amplo discurso entre os jovens sobre o sexo e a biologia humana ser uma matéria curricular de extrema importância, há poucos investimentos em processos de prevenção como, por exemplo, no fornecimento de contraceptivos gratuitos e de uma educação sexual como matéria escolar devido a dificuldade dos jovens em se comunicarem com os pais sobre o sexo e suas possíveis consequências - gravidez, doenças sexualmente transmitidas-. Assim, é essencial que família e escola se unam e dialoguem com os adolescentes sobre o ato sexual.       Fica evidente, portanto, que omitir informações sobre o sexo entre os menores de idade favorece para o agravamento de gravidez na adolescência. Para tanto, além das propostas anteriormente citadas, pais, escolas e jovens devem se mobilizar em movimentos sociais pacíficos no intuito de buscarem apoio da mídia para uma possível redução na propagação do mito que dificulta a comunicação entre os jovens e adultos sobre o sexo. Além disso, cabe ao poder público investir de modo que aumente o acesso de jovens aos contraceptivos e às aulas de educação sexual nas escolas.