Materiais:
Enviada em: 04/05/2018

A obra “Cem anos de solidão”, de Gabriel Márquez, retrata a jovem Remedios, que se casa com Aureliano, logo após a menarca. No decorrer da história, a menina falece, vítima de uma gravidez precoce e de risco. Tal ficção é realidade no país, onde, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Estatística Aplicada (IPEA), uma em cada cinco crianças é filha de garotas entre 10 a 19 anos. Certamente, esse dado decorre da carência de educação sexual por parte dos setores responsáveis por propagá-la e, além disso, é reflexo do processo de exclusão socioeconômica da sociedade hodierna. É necessário enfatizar, antes de tudo, o papel educacional sobre a mazela em destaque. Decerto, a falta de informação, sobretudo, de educação sexual por parte dos setores responsáveis – a escola, aumenta o número de gestações na adolescência. Prova disso é o recente relatório divulgado pela ONU, que afirma que adolescentes sem escolaridade têm quatro vezes mais chances de engravidarem do que aquelas com escolaridade. Por certo, as adolescentes, vítimas da própria ignorância, correm risco de morte materna, uma vez que estão em desenvolvimento biopsicossocial, e de se perdurarem nos padrões de vulnerabilidade e exclusão social. Paralelamente, convém considerar o impacto da marginalização socioeconômica acerca da problemática. Sem dúvida, o ineficaz acesso à meios contraceptivos eficientes e a inacessibilidade à serviços de saúde sexual e reprodutiva adequados devido às barreiras sociais e estruturais, elevam a taxa de gestações precoces. Conforme o relatório supracitado, meninas em situações vulneráveis e de baixa renda são mais suscetíveis à gravidez. Com efeito, segundo o IPEA, 76% das que engravidam abandonam a escola. Logo, essas não completam seus estudos, o que dificulta a inserção no mercado de trabalho, fomentando, assim, a já existente vulnerabilidade social. Fica evidente, portanto, que o inacesso à educação básica, bem como a exclusão global, contribuem para o atual evidenciamento da gravidez precoce no Brasil. Diante disso, é necessário que o Ministério da Saúde prepare os jovens para a vida sexual. Para isso, deve-se investir em programas de prevenção à gravidez nas escolas, com palestras cujo propósito é contribuir com informações precisas e atualizadas a respeito da educação sexual e formas de contracepção. Com isso, jovens esclarecerão possíveis dúvidas, terão preparo para a sexualidade e casos como a de Remedios permanecerão apenas na ficção.