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Enviada em: 05/05/2018

Desde os primórdios das civilizações humanas a gravidez é comemorada por significar a gestação de uma nova vida. Assim, demanda diversos cuidados, sendo fundamental a existência de uma estrutura biológica e familiar para dar-lhe suporte. Todavia, estudos do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (2017) revelam que 1 em cada 5 crianças no Brasil resulta de uma gravidez precoce - na qual o alicerce é inexistente ou deficiente. Assim, a gravidez na adolescência é uma matéria de saúde pública que gera consequências alarmantes e deve ser tratada com maior seriedade.   Essa situação precisa de maior atenção das autoridades, visto que - independentemente de suas causas - trás implicações preocupantes para diversas vidas, pois não havia preparo psicológico ou biológico para lidar com essa situação. Isso fica claro pois, nos estágios do desenvolvimento humano de Piaget a adolescência fundamental para afirmação da personalidade e da autonomia, logo o individuo ainda não está plenamente capacitado para lidar com a gravidez . Ao mesmo tempo, em decorrência do organismo materno não está biologicamente preparado, a gestação representa sérios riscos - o que fica latente ao se observar que, segundo a Organização Mundial da Saúde, a taxa de mortalidade em uma gravidez desse tipo é 50% maior que àquelas na qual a mãe é adulta.      Para mitigar essa questão, também devem ser observados os fatos e efeitos culturais correlatos. Ao evitar debater esse "elefante branco", ou ao apenas tangenciá-lo, as famílias e a escola acabam contribuindo para que os adolescentes obtenham informações em rodas de amigos ou afins, que nem sempre são consistentes - o que contribui para que vida sexual se inicie sem maturidade. Uma vez que na modernidade as relações e as ações estão liquefeitas, consoante a filosofia de Bauman, se banalizam os riscos e as consequências de engravidar. Dessarte, a interação desses dois fatores culmina na gravidez prematura e indesejada. Socialmente, a consequência disso é o surgimento de uma família instável, com mães que abandonam os estudos (75% segundo o Todos pela Educação) e pais que nem sempre se fazem presentes.        Fica evidente, portanto,a necessidade de tratar essa questão, que sendo emblemática, deverá mobilizar medidas preventivas e assistencialistas. Nesse sentido, cabe ao Ministério da Saúde promover debates as consequências e riscos dessa gravidez, bem como (nos casos em que não é mais possível previnir) prestar assistência do pré-Natal e aos primeiros anos do bebê (com acompanhamento de obstetras, psicólogos e assistentes sociais). Para ter consistência esse programa deve agregar adolescentes e familiares, de modo que a abordagem não ocorra de maneira caricata e que sejam destacados os aspectos biológicos e as implicações sociais dessa questão de saúde pública.