Materiais:
Enviada em: 08/05/2018

Na produção cinematográfica italiana "Slam", uma adolescente repleta de sonhos e metas vê seus planos ameaçados por uma gravidez indesejada. Fora das telas e no Brasil, essa é uma realidade comum e inerente à nossa sociedade, visto que muitas jovens brasileiras engravidam precocemente e, inesperadamente, têm que arcar com a responsabilidade de educar uma criança e, ainda, enfrentar o julgamento do corpo social. Logo, faz-se necessário analisar essa situação tanto para preveni-la como para ajudar quem já a enfrenta.       A princípio, é fundamental citar que, segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil tem taxa de gravidez na adolescência acima da média latino-americana. Tal índice deve-se, em uma análise histórica, às bases patriarcais da sociedade europeia, que enraizaram no tecido social brasileiro a ideologia de que a sexualidade masculina deve ser encorajada e a feminina tratada como tabu e reprimida. Nesse contexto, tal herança, mesmo que esteja sendo desconstruída aos poucos pelo Movimento Feminista, ainda é muito influente em cidades do interior e entre a população de baixa renda, impedindo que muitas meninas tenham acesso à educação sexual e ao uso de métodos contraceptivos.                       Consequentemente, garotas entre doze e dezoito anos de idade iniciam sua vida sexual sem informações sobre como proceder para se prevenir e entram para a estatística anteriormente citada. Ademais, segundo o Ministério da Educação, essas tendem a frequentar menos a escola, fato que está ligado à esteriotipação sobre a maternidade, que instiga essas meninas a acreditarem que devem desistir de suas individualidades e sonhos para se dedicarem totalmente ao seu papel de mãe. Além disso, como abordado no livro "Confissões de uma adolescente grávida", o preconceito da sociedade dos colegas e professores é, do mesmo modo, um dos motivos para abandono devido a vergonha que essas mães sentem diante de tanto julgamento.      Dessa forma, medidas são necessárias para resolver esses impasses. Para tanto, visando a ampliação da educação sexual, o Ministério da Educação deve, em parceria com o Ministério da Saúde, realizar palestras escolares em que sejam convidados médicos e professores para tirar dúvidas relacionadas à educação sexual. Além do mais, é dever da gestão escolar preparar o corpo docente e discente para ajudar, com o auxílio de psicólogas, alunas que estejam se preparando para ser mãe, tanto com aulas de reforço fora do horário convencional de estudo como com projetos que visem a desconstrução de esteriótipos sobre a maternidade e sobre a vida sexual da mulher, focando, também, no preconceito que essas enfrentam para que haja uma ação conscientizadora no âmbito escolar.