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Enviada em: 14/05/2018

De acordo com dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos do Ministério da Saúde, no Brasil em 2015, foram cerca de 574 mil crianças nascidas vivas de mães na faixa etária entre 10 a 19 anos. A partir do exposto, o fenômeno da gravidez precoce tem sido recorrente, principalmente, em países emergentes, evidenciando um panorama desafiador também no Brasil. Nesse contexto, é pertinente analisar os desafios enfrentados pelo país para conter a gravidez na adolescência.      Em primeira análise, a pouca amplitude das políticas públicas reverbera um dos entraves da problemática. Isso decorre da falta de assistência, seja no âmbito educacional, seja na saúde pública, a considerar que o fenômeno da gravidez precoce é mais comum nas regiões periféricas, desprovidas da atenção governamental. Dessa forma, a escassez de ações que tratem a questão com uma abordagem psicossocial aos adolescentes dessas áreas, favorece a promoção de fatos como os evidenciados no documentário “Meninas” dirigido pela cineasta Sandra Werneck, o qual traz visibilidade para a gravidez precoce nas periferias. Por consequência disso, é notório que a falta de habilidade com a informação diminui o empoderamento do adolescente para lidar com a questão, haja vista um sentimento de onipotência - comum na faixa etária - incapaz de analisar os riscos de uma gravidez indesejada.         Além disso, nota-se, ainda, que o estigma social envolvendo a problemática favorece a instauração de um cenário cíclico. Isso porque, grande parte das adolescentes possuem dificuldades durante e após a gravidez para frequentar o ambiente escolar, devido a situações como, discriminação social e a responsabilidade de cuidado com o filho recair somente sobre a adolescente, vistas como as únicas responsáveis pela situação. Exemplo disso são dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) que evidenciam que 75% das mães adolescentes estão fora da escola. Dessa maneira, a alta evasão escolar dificulta uma formação educacional básica, o que negligencia a construção de um futuro promissor, favorecendo a ocorrência do fenômeno naquele ambiente familiar.        Torna-se evidente, portanto, a necessidade de atenuar os índices de gravidez na adolescência no país. Assim, o Estado, no papel do Ministério da Saúde, deve implantar nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), grupos de discussão, direcionados aos adolescentes, com debates sobre o cotidiano do jovem, tendo médicos, psicólogos e educadores engajados, com o fito de empoderar esse público para lidar com a sexualidade de forma natural e responsável. Ademais, é vital a atuação da esfera educacional por meio de palestras direcionadas às famílias - principalmente em áreas vulneráveis - levantando uma discussão acerca do tema, a partir do estabelecimento da dualidade da responsabilidade, no caso de gravidez, envolvendo as famílias, com o intuito de romper paradigmas.